Na França, CNM/CUT discute compra dos...
Publicado: 09 Março, 2011 - 14h01
Escrito por: CNM
Em busca de contrapartidas para os metalúrgicos brasileiros, o secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Valter Sanches, dialogou com a sindicato FTM-CGT e com a Dassault, fabricante do Rafale, que disputa a licitação do governo para renovação da frota de 36 aviões-caça da FAB
Em viagem à França, o secretário de Relações Internacionais da CNM/CUT, Valter Sanches, se reuniu na terça-feira (1) com os companheiros da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos da França (FTM-CGT). O secretário-geral da Federação, Phillipe Martinez, foi um dos representantes dos metalúrgicos franceses no encontro. Ele também foi à sede da Dassault para um encontro com a alta direção da empresa.
Na pauta, a licitação para a compra de caças para a Força Aérea Brasileira e os impactos para os trabalhadores brasileiros. A francesa Dassault (caça Rafale) é uma das empresas concorrentes, ao lado da sueca Saab (Gripen) e da estadunidense Boeing (F-18 Super Hornet).
Em 2009 e 2010, encontros com o mesmo objetivo aconteceram entre os metalúrgicos da CUT, trabalhadores suecos e representantes da SAAB, que resultou em um primeiro momento, na criação de um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da empresa, em São Bernardo do Campo, que inicia as atividades em maio deste ano.
Segundo Sanches, o envolvimento dos trabalhadores para garantir contrapartidas, como criação de empregos e transferência de tecnologia é considerada uma novidade por parte dos metalúrgicos franceses. “Para eles, os sindicatos não tem essa tradição de interferir neste tipo de assunto (a escolha dos caças). Isso soa como uma ajuda na administração da empresa, o que ainda é um tabu para eles”, afirmou.
O dirigente da CNM/CUT disse aos representantes da FTM-CGT, que o histórico dos metalúrgicos do ABC, desde a época da criação da Câmara Setorial Auto, leva naturalmente à interferência da categoria.
“Os franceses ainda estão um pouco receosos de que, em médio prazo, a transferência de tecnologia e produção possa afetar os empregos no setor aeronáutico francês, uma vez que a Dassault poderia importar do Brasil, assim como já importa peças de diversos países”, frisou. No encontro, houve uma explanação sobre o pré-acordo existente entre o sindicato sueco IF Metall e a SAAB neste sentido, que protege os trabalhadores do país de origem da empresa.
Após o encontro, os metalúrgicos franceses se comprometeram a fazer na próxima semana uma divulgação com os trabalhadores de todas as plantas sobre a intenção dos metalúrgicos da CUT de cooperar no tema.
Visita à Dassault
Na sede da fabricante francesa, na quinta-feira (3), Sanches esteve como Diretor Geral, Eric Trapier, o vice-presidente de vendas globais, Jean-Pierre Chabriol, que é responsável pelo projeto para o Brasil, e o vice-presidente de RH, Jean-Jacques Cara.
Durante a apresentação, os franceses afirmaram as vantagens de uma futura parceria, caso vençam a licitação e que o uso do Rafale faz parte de um projeto de aliança estratégica de defesa entre Brasil e França.
“Eles disseram que tem vindo a São Paulo, São Bernardo e São José dos Campos, a procura de parceiros locais para a produção de peças. Também está agendada uma visita à Belo Horizonte no fim deste mês, com o mesmo objetivo”. Sanches diz que a empresa quer aprofundar a parceria com Embraer, que seria uma espécie de segunda linha de montagem do Rafale.
Fábrica –Ao contrário da SAAB, que anunciou a construção de uma fábrica em São Bernardo do Campo, os franceses descartam essa hipótese, não apenas na cidade, mas em qualquer outro lugar do Brasil, devido ao fato de a Embraer já possuir estrutura para a construção.
Até o momento, há apenas uma proposta de construção de um centro de formação de engenharia de eletrônica aeronáutica, em São Bernardo.
Por outro lado, a empresa concordou em discutir - e eventualmente assinar - um Acordo Marco Internacional, que estabelece o compromisso com normas mínimas a serem seguidas, independente de onde estejam instaladas suas filiais.
“Eles dizem ser uma empresa familiar, que já tem as melhores práticas sociais e que considera seus 11 mil trabalhadores (8mil na França) como companheiros". O secretário da CNM/CUT lembrou os executivos sobre a responsabilidade pelos fornecedores de peças. “Eles concordam que não tem interesse em trabalhar com empresas que não tenham as mesmas práticas.”
A Dassault tem unidades na França e mais quatro plantas nos EUA, das quais apenas uma possui representação sindica. A empresa tem fornecedores em diversos países.
Durante o encontro foi negociada uma reunião com a Federação Internacional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (FITIM), juntamente com os sindicatos franceses para a negociação do Acordo Marco Internacional. Caso vença a licitação, o Acordo abre a possibilidade de enquadrar todos os eventuais fornecedores brasileiros.
Mais informações, entrar em contato com o secretário de Relações Internacionais, Valter Sanches (11) 9445-4243 ou com a assessoria de imprensa da CNM/CUT, com Valter Bittencourt.
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