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Com alta nos preços, aumenta número de famílias que trocam gás de cozinha por lenha

Uso de lenha já ocupa o 2º lugar entre as principais fontes de energia nas casas dos brasileiros, com 26,1% de participação contra 24,4% do GLP

Publicado: 11 Outubro, 2021 - 13h20 | Última modificação: 11 Outubro, 2021 - 13h46

Escrito por: Marize Muniz

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Com a disparada da inflação, pressionada em especial pelos preços dos combustíveis, corroendo o poder de compra dos mais pobres, a lenha ganhou espaço nos lares brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus, que agravou ainda mais a crise econômica do país, que totaliza 14,1 milhões de desempregados e 71,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras ocupados, mas sem direitos.

Em 2020, o consumo de restos de madeira nas residências do país aumentou 1,8% na comparação com 2019, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

De acordo com a pesquisa,  uso de lenha já ocupa o 2º lugar entre as principais fontes de energia nas casas dos brasileiros, com 26,1% de participação contra 24,4% do gás liquefeito de petróleo (GLP). Em primeiro lugar, está a energia elétrica.

PPI é responsábel por preços exorbitantes

A lenha começou a ser mais usada do que o botijão de gás nas cozinhas brasileiras a partir de 2017, acompanhando a disparada do preço do GLP e também da gasolina e diesel.

Depois do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) mudou a política de preços da Petrobras.

Com a decisão do golpista, os combustíveis passaram a ser reajustados de acordo com a cotação do petróleo e o câmbio. É a chamada Política Internacional de Paridade Internacional (PPI) adotada pela  Petrobras, em 2016, ano do golpe, e mantida pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Leia mais: Entenda por que Bolsonaro e Temer são os culpados pela alta dos combustíveis

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado nos últimos 12 meses até setembro, só o gás de botijão subiu 34,67%. O último reajuste, de 7,2%, foi anunciado na última sexta-feira (8). 

Antes mesmo do novo reajuste, em algumas cidades o preço do botijão de 13 quilos podia chegar até R$ 135. O preço médio era de R$ 97,73 reais.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os Sindicatos dos Petroleiros de todo o Brasil já fizeram várias ações vendendo gás de cozinha a R$ 50, um protesto contra o valor extorsivo do botijão de 13 quilos e também uma indicação de que pode custar menos.

Leia mais: Alto preço do gás piora as condições de vida de trabalhadores mais pobres

Lenha e álcool são alternativas perigosas

De acordo com o Centro Universitário de Brasília (UniCEUBaz), cozinha a loenha traz um grande risco à saúde, pode causar prejuízo às vias respiratórias e doença pulmonar obstrutiva crônica, além das queimaduras.

A inalação da fumaça, diz o UniCeus, pode prejudicar as vias respiratórias e causar doença pulmonar obstrutiva crônica. 

O álcool, outra alternativa perigosa, foi responsável por um aumento de 62% do total de queimados em Recife, ainda em 2017, ano em que a nova polpítica entrou em vigor.  E, mais recentemente, uma mãe morreu queimada e o seu bebê de oito meses ficou ferido por uso de álcool na cozinha.