Vitória no porto de Oakland-EUA:
Barco israelense tem a sua descarga bloqueada em solidariedade à Palestina
Publicado: 24 Junho, 2010 - 10h14
Escrito por: Glória la Riva
Em nossa época esta é uma ação histórica esem precedentes. Mais de 800 ativistas sindicais e comunitários bloquearam ocais de Oakland, nos Estad durante a madrugada, o que permitiu que osestivadores se negassem a cruzar as linhas
do piquete e impediu a descarga de um barcoisraelense.
De 5:30am a 9:30am, um protesto militante eespirituoso ocorreu em frente às quatro portas do Serviço de Estiva da América,com as pessoas cantando sem parar “*Livre, Palestina livre, não cruze a linhado piquete”* e *“Um ataque contra um é um ataque contra todos, o muro doapartheid vai cair”*.
Argumentando acerca de sua saúde esegurança – disposições contidas em seus contratos de trabalho – ostrabalhadores, ligados à ILWU [organização sindical internacional dostrabalhadores portuários], se negaram a cruzar o piquete.
Entre as 8:30am e as 9:00am, uma arbitragemde emergência foi realizada no estacionamento da empresa Maersk, próximo aocais. De forma “instantânea”, um juiz apareceu no local para decidir se ostrabalhadores podiam negar-se a cruzar o piquete sem medidas disciplinares.
Às 9:15am, após confirmar a continuidade doprotesto de centenas de pessoas em cada portão de acesso caís, o juizsentenciou a favor do sindicato, dizendo que a situação era realmente insegurapara que os trabalhadores tentassem entrar no cais.
Jess Ghannam, da Aliança Palestina Livre,e Richard Becker, da Coalizão ANSWER(Atue Agora para Parar a Guerra e Acabar com o Racismo, na sigla em inglês),receberam aplausos e gritos de “Viva a Palestina!”, ao anunciarem a vitória domovimento. Ghannam disse: “Isto é realmente histórico, nunca antes um barcoisraelense havia sido bloqueado nos Estados Unidos!”
A notícia de que um navio com contêineresda companhia de navegação Zim Israel estava programado para chegar à área dabaía neste domingo provocou uma enorme onda de solidariedade com a Palestina,sobretudo em função do violento atentado israelense, no dia 30 de maio, contraos voluntários que levavam ajuda humanitária para Gaza.
Com 10 dias de antecipação à chegada donavio, um clima de emergência se criou no “Comitê Sindical e Comunitário deSolidariedade com o Povo Palestino”. Na quarta-feira, 110 pessoas dossindicatos e da comunidade vieram ajudar a organizar a logística, a difusão e oapoio da comunidade local. Dentre as organizações que tornaram o ato possívelestão a Coalizão Palestina Al-Awda Direito ao Retorno, a Coalizão ANSWER, aSeção local da USLAW (Trabalhadores Estadunidenses Contra a Guerra), e a SeçãoSindical do Comitê pela Paz e pela Justiça.
Esta semana, dois conselhos sindicaislocais aprovaram resoluções quanto à denúncia do bloqueio israelense a Gaza.Ambos emitiram notas públicas sobre a ação no cais do porto.
O ILWU tem una história de orgulho porestender a sua solidariedade aos povos que lutam em todo o mundo. Em 1984, asmassas negras sul africanas participavam de uma intensa luta contra oapartheid, e o ILWU negou-se por 10 dias (um recorde) a descarregar mercadoriasdo navio “Ned Lloyd”, da África do Sul. Apesar de multas milionárias impostasaos sindicatos, os trabalhadores portuários se mantiveram fortes,proporcionando um grande impulso ao movimento contra o apartheid.
Entre as muitas declarações desolidariedade ao protesto estão a dos trabalhadores palestinos e cubanos. AFederação Geral Palestina de Sindicatos, disse que “sua ação de hoje é um marcona solidariedade internacional dos trabalhadores dos EUA, de honestos evalentes sindicalistas. Saudações dos sindicalistas e trabalhadores daPalestina… dos sindicalistas e trabalhadores enjaulados em Gaza.”
A Central de Trabalhadores de Cuba (CTC)escreveu: “Nosso povo vive há 50 anos um bloqueio injusto e abominável dogoverno dos EUA, de modo que entendemos muito bem como o povo palestino sesente, e vamos estar sempre em solidariedade com a sua justa causa. Hoje lhesenviamos o nosso apoio mais sincero. Viva a solidariedade da classetrabalhadora! Fim ao bloqueio de Gaza! Respeito e justiça para o povo daPalestina!”
A ação em Oakland, no sexto maior porto dosEstados Unidos, é o primeiro de vários protestos e paralisações previstos emtodo o mundo, incluindo Noruega, Suécia e África do Sul. Seguramenteinspiraremos outros a fazerem o mesmo.