Vacinação contra Covid-19 de 211 milhões de brasileiros segue lenta
Em entrevista à Folha, coordenadora do PNI atribuiu as dificuldades na campanha de vacinação às declarações do presidente Jair Bolsonaro
Publicado: 02 Julho, 2021 - 12h09 | Última modificação: 02 Julho, 2021 - 12h12
Escrito por: Redação CUT
Com mais de 520 mil vidas perdidas para a Covid-19 e 18.622.199 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, o Brasil ainda caminha lentamente na imunização completa dos mais de 211 milhões de brasileiros. O país tem média diária de 1,4 milhão de doses de vacinas aplicadas nos últimos sete dias.
Para a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Francieli Fontana, que pediu demissão do na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) é o culpado pelo atraso da vacinação no país.
Em entrevista à Folha, ela disse que as declarações de Bolsonaro como a de questionar a eficácia das vacinas colaboram para enfraquecer a confiança no programa, reconhecido por uma trajetória de sucesso nos últimos anos.
“Isso divide a opinião pública. Quando se tem certeza de que vacina é o meio mais efetivo para conter a epidemia, junto com as medidas não farmacológicas, e tem comunicação diferente do líder da nação, isso traz prejuízo para a campanha de vacinação”, afirmou.
Segundo dados da plataforma Nosso Mundo em Dados ('Our World em Data'), ligada à Universidade de Oxford, o Brasil vacinou mais de 2,2 milhões de pessoas em 24 horas.
Este número é, portanto, o melhor momento da campanha do Programa Nacional de Imunizações para a vacinação contra a Covid-19, que teve início em janeiro desse ano.
Até agora, o país já aplicou mais de 101 milhões de doses de vacinas, somando a primeira e a segunda doses e a dose única. De acordo com os dados do consórcio de imprensa divulgados nesta quinta-feira (1º), são 101.120.461 imunizantes aplicados no total.
Cerca de 26,5 milhões de brasileiros tomaram a segunda dose ou a dose única de vacinas contra a Covid-19 desde o começo da vacinação. O número representa 12,55% da população.
São 25.944.570 da segunda dose e 636.015 da dose única, um total de 26.580.585 pessoas imunizadas. Já a primeira dose foi aplicada em 74.539.876 pessoas, o que corresponde a 35,20% da população.
Francieli Fontana citou por exemplo o impacto da fala recente de Bolsonaro sobre desobrigar o uso de máscaras. “Vimos que começou a haver dúvidas da própria população em relação à vacinação. Precisaríamos ter um comportamento que unificasse o país e uma comunicação única”.
Variante Delta cresce na Europa
O aumento de casos confirmados da variante de Covid-19 com a Delta colocou temor na Europa após a Organização Mundial de Saúde (OMS) informar, nesta quinta-feira (1º) , que o número de casos confirmados no continente aumentou 10% nos últimos sete dias, após semanas de queda. A maioria dos casos, ainda de acordo com a OMS, está sendo atribuída à variante indiana, e mais contagiosa que outras cepas do vírus.
Em Mallorca, houve um grande surto da doença após uma viagem de estudantes que comemoravam o fim do ano letivo. Quase 2 mil casos de contágios foram confirmados e cerca de 6 mil pessoas estão em quarentena.
Nesta quinta-feira (1), uma embarcação com 118 estudantes que testaram negativo zarpou rumo a Valência, de onde os jovens poderão voltar para suas cidades depois de apresentarem novo resultado negativo.
Apesar do susto, a maioria das vacinas existentes parecem ser eficazes para impedir o agravamento da infecção pela variante. Estudos apontam que os infectados desenvolvendo apenas casos leves ou assintomáticos.
No entanto, mesmo nos países mais ricos - exceto por um punhado de nações com populações pequenas - menos da metade das pessoas está totalmente vacinada.
Números da pandemia no Brasil
Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 1.943 mortes por Covid-19, segundo dados divulgados pelo consórcio de imprensa. A média móvel, que leva em consideração dados dos últimos sete dias, ficou em 1.558 nesta quinta-feira, dando continuidade à tendência de redução no número diário vítimas.
Com isso, o país ultrapassou a marca de 520 mil vítimas da covid-19, número que ficou em 520.189. O balanço apontou 63.035 novos casos confirmados da doença, o que fez o total de testes positivos chegar a 18.622.199.