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Um latifundiário no banco dos réus

Acusado de tentativa de homicídio contra José Rainha, Roberto Junqueira deve ser julgado nesta terça (16)

Publicado: 15 Outubro, 2012 - 16h36

Escrito por: Maria Angélica Ferrasoli - CUT/SP

 


Está previsto para ocorrer a partir das 9h desta terça, 16 de outubro, um fato inédito no Pontal do Paranapanema e raríssimo no Brasil. É o julgamento de um latifundiário, Roberto Gargione Junqueira, acusado de tentativa de homicídio contra José Rainha, liderança do movimento sem-terra. Junqueira deve ir a júri popular no Tribunal do Júri da Comarca de Rosana (SP), uma das 21 cidades que formam a região do Pontal.

O crime ocorreu há dez anos, em janeiro de 2002, quando cerca de 200 famílias sem terras ocuparam o latifúndio Santa Rita, em Rosana. Segundo Rainha e outros dois militantes do MST que o acompanhavam, eles deixavam o local de carro quando sofreram uma emboscada montada por Junqueira. O latifundiário e os jagunços que o acompanhavam atiraram contra o veículo. Atingido, José Rainha conseguiu fugir e se refugiar no mato, até ser socorrido por trabalhadores sem terra. Os outros dois militantes fingiram-se de mortos dentro do veículo.

Roberto Gargione Junqueira, preso em flagrante, logo foi solto, respondendo ao processo em liberdade até então. Com a repercussão do fato, o Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou, à época, que a fazenda era produto de grilagem por parte da família Junqueira, sendo que o governo federal já havia inclusive providenciado os depósitos dos valores necessários para que o fazendeiro e sua família deixassem o local, que seria, então, destinado à reforma agrária, o que não ocorreu até agora.

A realização do julgamento foi confirmada na tarde de ontem pelo Fórum de Rosana. A sessão deverá ser presidida pelo juiz Thago Massao Cortizo Teraoka.