TV Brasil 247 recebe dirigente da CUT para debater plebiscito popular
Secretário de Mobilização da CUT, Milton Rezende, defende redução da jornada e justiça tributária em consulta nacional que mobiliza movimentos sociais
Publicado: 28 Julho, 2025 - 22h49
Escrito por: Redação CUT

A CUT participou, no último fim de semana de um programa especial produzido pela TV Brasil 247 e pelo Brasil de Fato, que destacou o tema que vem mobilizando movimentos sociais em todo o país: o Plebiscito Popular. Exibido no sábado (26), o programa contou com a presença de Milton Rezende, secretário nacional de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT, que explicou os objetivos e os eixos centrais da consulta nacional.
“O plebiscito não é só uma pergunta ao povo, é um exercício de cidadania e uma forma de reconstruir a democracia a partir da base”, afirmou Rezende durante a entrevista. Ele destacou que a iniciativa surge como resposta à percepção de que o Congresso Nacional tem ignorado sistematicamente os interesses da classe trabalhadora. Segundo o dirigente, o plebiscito é fruto da articulação entre diversas entidades do campo progressista, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Marcha Mundial das Mulheres.
A proposta do plebiscito gira em torno de dois eixos que, para a CUT e as demais entidades envolvidas, são estratégicos para um país mais justo: a redução da jornada de trabalho sem corte de salário e a tributação de grandes fortunas.
Veja a íntegra do programa :
Redução da jornada: mais emprego, mais vida
O primeiro ponto defende a diminuição da jornada semanal de trabalho, acompanhada da extinção da escala 6x1. A medida, de acordo com Milton Rezende, tem potencial de gerar empregos, ampliar o tempo livre para lazer, estudo e participação política, e reequilibrar o trabalho doméstico, frequentemente sobrecarregado sobre as mulheres.
“A última vez que se discutiu jornada de trabalho no Brasil foi na Constituinte de 1988. De lá pra cá, o mundo do trabalho mudou completamente, com a revolução digital e a tecnologia 6.0. Mesmo assim, seguimos com jornadas desumanas, muitas vezes superiores a 12 horas por dia”, criticou o dirigente. Para ele, é possível que empresas mantenham produtividade e lucro mesmo com a jornada reduzida — o que já acontece em experiências internacionais.
Rezende lembrou que a CUT defende a pauta há mais de 45 anos e que, num país com alto desemprego e subemprego, a partilha do tempo de trabalho pode ser uma das soluções mais eficientes e humanas para melhorar a qualidade de vida da população.
Justiça tributária: taxar os super-ricos
O segundo eixo do plebiscito propõe a adoção de um sistema tributário mais progressivo. A ideia é que aqueles com altos rendimentos e patrimônio passem a pagar mais impostos, enquanto trabalhadores que ganham até R$ 5 mil possam ser isentos de tributos. A proposta também visa reduzir a carga tributária indireta, especialmente aquela embutida no consumo, que pesa mais sobre os mais pobres.
“Hoje, quem mais paga imposto no Brasil é o trabalhador. Os grandes milionários, por outro lado, conseguem se beneficiar de brechas legais e muitas vezes não contribuem proporcionalmente para o financiamento do Estado”, argumentou o dirigente da CUT. A mudança permitiria, segundo ele, investimentos estruturais em áreas como saúde, educação e transporte.
Participação ativa: “o voto é só o começo”
A consulta popular teve início no dia 1º de julho e se estenderá até 7 de setembro. Segundo a CUT, até o dia 21 de julho já haviam sido registrados mais de 700 mil votos pela internet e cerca de 15 mil em cédulas físicas. Além do voto, a organização convida a população a ser protagonista do processo. No site oficial plebiscitopopular.org.br, é possível gerar um QR code individual para coletar votos de amigos, familiares e vizinhos, ou incorporar o link de votação em sites de entidades e sindicatos.
Mas, como reforçou Milton Rezende, o objetivo vai além da contagem de votos. “Queremos usar esse momento para promover formação política, debate qualificado e mobilização. Precisamos explicar por que esses temas foram escolhidos e como eles impactam diretamente a vida da população”, disse. Segundo ele, o plebiscito é uma “porta de entrada” para um projeto político de longo prazo, que dispute os rumos do país nas eleições de 2026 e nos anos seguintes.
Um Congresso que não representa
O dirigente foi enfático ao afirmar que o plebiscito é também uma resposta ao distanciamento entre o Congresso Nacional e as demandas da população. “Hoje vemos uma maioria legislativa comprometida com os interesses das grandes fortunas. Leis são aprovadas às pressas, desmontando direitos históricos da classe trabalhadora”, denunciou.
A intenção da CUT e dos movimentos sociais é entregar os resultados do plebiscito ao Presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, reforçando que a mobilização tem base popular e legitimidade para pressionar por mudanças reais.
Mobilização da esquerda e a disputa de 2026
Milton Rezende finalizou sua participação no programa da Brasil 247 destacando que o plebiscito é uma construção coletiva da esquerda e dos setores progressistas. “É uma tentativa de retomar o diálogo com a base, de reencantar as pessoas com a política e de propor um novo projeto de país”, afirmou. Para ele, a campanha pode influenciar os rumos do Brasil nos próximos anos e será uma ferramenta estratégica para a disputa política em 2026.
O episódio completo do podcast com a participação de Milton Rezende está disponível no canal da TV Brasil 247 no YouTube.