Trump ataca Mais Médicos e revoga visto de secretário do Ministério da Saúde
Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, defendeu o programa, citando impactos positivos e melhoria expressiva na saúde da população
Publicado: 14 Agosto, 2025 - 11h20 | Última modificação: 14 Agosto, 2025 - 11h40
Escrito por: Redação CUT

Em mais um ataque à soberania brasileira o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump decidiu nessa quarta-feira (13), impedir a entrada naquele país do Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, do ex-assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde e atual coordenador-geral para COP30, Alberto Kleiman, de ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de seus familiares.
A “justificativa” para revogar o visto de entrada é a de que eles atuaram na implementação do Programa Mais Médicos enquanto trabalhavam no Ministério da Saúde e que são cúmplices “do trabalho forçado do governo cubano”.
Mozart Sales, defendeu nesta quinta-feira (14) o programa, citando impactos positivos e melhoria expressiva na saúde da população.
Em seu perfil no Instagram, o médico classificou o programa como “iniciativa primordial” para garantir atendimento a milhões de brasileiros. Lembrou que, no momento da criação do Mais Médicos, o governo brasileiro recorreu à possibilidade de cooperação com a Opas, levando à contratação de profissionais cubanos.
“Médicos cubanos já prestavam esse atendimento em outros 58 países de diferentes orientações político-ideológicas, por meio de mecanismos de cooperação internacional. Graças a essa iniciativa, a presença de profissionais brasileiros, cubanos e de outras nacionalidades ofereceu atenção básica de saúde e mãos fraternas e quem mais precisava. Diminuiu dores, sofrimentos e mortes”, escreveu Mozart.
No post, o secretário citou ainda uma aprovação, logo no início do programa, de 87%, segundo dados do Datafolha divulgados em 2013. “Inúmeras publicações científicas comprovam os impactos positivos e a melhora expressiva na saúde da população”, escreveu.
“Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende a vida e representa a essência do SUS [Sistema Único de Saúde], o maior sistema público de saúde do mundo – universal, integral e gratuito”, concluiu Mozart.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha também saiu em defesa do programa, na noite de quarta-feira, dizendo que o Mais Médicos "sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja", assim como o Pix, sistema de pagamento brasileiro que também já foi alvo de críticas do governo de Donald Trump.
"O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira. Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman", disse em postagem nas redes sociais.
O Mais Médicos
O Programa Mais Médicos (PMM), teve início do Brasil em 2013 no governo de Dilma Rousseff (PT), com o apoio da cooperação entre Brasil, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e Cuba.
O programa nasceu com o objetivo de ampliar a oferta de atendimento médico em áreas remotas e com alta vulnerabilidade social no Brasil, combatendo a escassez de médicos nessas regiões e fortalecer a atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje o Mais Médicos é referência de provimento médico na saúde pública para outros países.
A participação dos cubanos no programa foi encerrada em novembro de 2018, quando o governo de Cuba decidiu deixar o programa após declarações do então presidente Jair Bolsonaro exigindo o Revalida e mudanças contratuais. Em 2019, Bolsonaro acabou com o programa o substituindo por Médicos pelo Brasil, mas hoje tem uma abrangência muito inferior com 4.477 profissionais.
No atual governo Lula, com a retomada do programa em 2023, o número de profissionais em atuação atualmente do Mais Médicos chegou a 25.337.
Segundo dados do governo federal, a iniciativa alcançou áreas de difícil acesso e alta vulnerabilidade social, incluindo distritos indígenas, e chegou a mais de 4 mil municípios, beneficiando mais de 63 milhões de pessoas.
Com informações da Agência Brasil e G1.