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Truculência, prepotência e covardia em SP

Serra exibe suas credenciais ao país lançando PM contra professores em greve

Publicado: 27 Março, 2010 - 00h23

Escrito por: Leonardo Wexell Severo

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Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoEscrevo estas linhas em meio a telefonemas dedenúncias sobre presos e torturados pela Polícia Militar de José Serra namanifestação desta sexta-feira (26) nas proximidades do Palácio dosBandeirantes, sede do governo paulista. Denúncias de grotescas armaçõesrealizadas por policiais que se passaram por manifestantes, abafadas para darlugar ao assumimento da candidatura a presidente do governador do Estado maisrico e que paga o Pior Salário Do Brasil para o funcionalismo público. Tambémescrevo com dor, intensa, devido às queimaduras nos dois braços e mãosprovocadas pelos sprays químicos, covardemente atirados pelos marginais comfarda sobre quem fotografava de perto, documentando próximo demais para quemtudo quer encobrir. Depois, a versão oficial ganha as tintas da verdade nosjornalões e informação mercadoria cobre as emissoras de rádio e televisão. 

Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoAntes de dar continuidade, cito o saudosoconterrâneo Apparício Torelli, mais conhecido como o Barão de Itararé, quedaria boas risadas do cenário montado por José Serra nos meios de comunicação.Uma mídia que até para ser venal podia ter algum limite. Vendo o quão tosca foia cobertura, quão partidarizada e ideologizada em favor do escárnio doseducadores, não há como fazer chacota deste tipo de “jornalismo”. Dizia oBarão: “Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para odono do jornal encher nababescamente a barriga” e que “A televisão é a maiormaravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”..

Vamos aos fatos:

Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoFoi montada uma barreira com a tropa de choque e grandes blocos de cimento impedindo odeslocamento de dezenas de milhares de professores em greve que, enfrentando achuva e os inúmeros bloqueios da Polícia Militar - como nas rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares, e também na Marginal do Tietê - conseguiram chegar até aavenida Giovanni Gronchi, no Morumbi.

O comando da paralisação, que Serra diz serde 1%, até o dia de hoje não havia conseguido sequer ser recebido pelo governo.Nesta sexta uma comissão foi recepcionada finalmente no Palácio, mas o mesmogoverno que alega não haver greve, diz que só iria negociar com a volta à aulados grevistas.

Naquele mesmo instante, sob ordens dogovernador que já havia fugido da cidade, marginais vestidos com a farda daPolícia Militar abriram fogo contra manifestantes que queriam respaldar anegociação, mas foram recebidos com golpes de cassetetes, balas de borracha ebombas de efeito “moral”. Tinham que ficar no seu lugar. Ali era localreservado a autoridades e bacanas. Os professores não eram nenhum dosdois. 

Diante do impasse e da decisão do governotucano de manter o arrocho salarial – os professores acumulam perdas de 34,3%-, da continuação do escárnio da política de bônus, provinhas e provões, semqualquer Plano de Carreira, com as salas superlotadas, com os laboratórios ebibliotecas caindo aos pedaços, com o fechamento de turnos e escolas, a grevecontinua. E nova assembleia foi convocada para a próxima quarta-feira, dia 31de março.

Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoCom as costas perfuradas por duas balas deborracha, Thiago Leme, professor de biologia da Escola Estadual Metalúrgico, emSão Bernardo do Campo, relatou: “Não espero absolutamente nada deste governo, somenteque saia o mais rápido possível. Somos uma categoria profissional digna edeveríamos ser tratados como seres humanos. Infelizmente, a imprensa é partedeste sistema corrupto e vamos ter amanhã as versões dos fatos que elesinventarem sobre hoje”.

Com as duas pernas sangrando, atingidas porbombas de efeito moral, Sílvio Prado, professor de História de Taubaté,desabafou: “Deste governo a gente não pode mais esperar nada, só truculência”.

Sindicalista, Policial Civil, JefersonFernando foi confundido com um professor, mantido preso e espancado por cercade três horas e levado ao 34ª DP de Francisco Morato. Com a roupa rasgada eacompanhado por dirigentes do Sindicato, Jeferson foi até a Corregedoriadenunciar os inumeráveis abusos dos quais foi vítima.

Professor de Filosofia em Jundiaí, FernandoRibeiro presenciou quando um dos muitos policiais infiltrados pelo governo namanifestação “tentava atear fogo em um veículo, buscando incriminar osmanifestantes”. Com o policial à paisana identificado, professores e estudantessaíram à caça do marginal que buscou refúgio entre os policiais militares.“Tentaram colocar fogo no carro para culpar o protesto. Como agiram com muitaforça, numa ação desproporcional, queriam uma justificativa”.

Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoCoordenador da representação do funcionalismopúblico estadual e vice-presidente estadual da CUT, Carlos Ramiro de Castro(Carlão) foi atingido na testa por um estilhaço de uma das bombas lançadas aesmo pelos policiais. Tranquilo, Carlão foi categórico: “O governo perdeu acabeça e está desesperado. A razão está do nosso lado, venceremos!”

A professora Maria Izabel (Bebel), presidenteda Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Público Oficial do Estado deSão Paulo), também denunciou os provocadores "infiltrados" pelo governo estadual para deslegitimar a manifestação pacífica e exortou a categoria a ampliar a mobilização e se fazer presente napróxima quarta-feira na Paulista. “Tentaram nos colocar de joelhos, mas estamosaqui, de cabeça erguida, exigindo o respeito que esta maravilhosa categoriamerece”.

A presidenta da União Municipal dosEstudantes de São Paulo (UMES), Ana Letícia, sublinhou que “os professores nosenchem de orgulho pois estão enfrentando com garra e coragem a covardia e amentira do desgoverno Serra. Contem conosco para seguir em frente na defesa damelhoria da qualidade do ensino público”.

Não economizaram muniçãoNão economizaram muniçãoDe acordo com o deputado estadual RobertoFelício (PT), o simples fato das direções de escola terem sido instruídas pelogoverno a não informarem sobre a paralisação é um forte indício do respaldo domovimento junto à categoria, “que está na linha de frente, pois não foge daluta”.

Conforme o deputado estadual Major Olímpio(PDT), liderança dos policiais militares, o que o governo estadual fez foi usarde toda a sua truculência e o seu aparato repressivo em vez de abrir negociaçãocom os professores. “Os manifestantes vieram para dialogar, mas o governotucano os recebeu como numa guerra”, frisou.

Para os incautos que ainda alimentavam algumailusão em relação à falta de caráter de José Serra, vale o comentário de umex-amigo seu, Flávio Bierrenbach, ex-deputado e ministro do Superior TribunalMilitar: “Serra entrou pobre na Secretaria de Planejamento do Governo Montoro esaiu rico. Ele usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente. Poucos oconhecem. Engana muita gente. Prejudicou a muitos dos seus companheiros. Umaambição sem limite. Uma sede de poder sem nenhum freio".

Agora, vamos freá-lo!