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Juros altos são a forma mais cruel de penalizar os pobres, diz Sérgio Nobre

Marcha no ABC Paulista marca início de jornada de lutas contra a política monetária do Banco Central. Movimento sindical e movimentos populares avisam: “não sairemos das ruas até que Campos Neto baixe os juros"

Publicado: 16 Junho, 2023 - 13h51 | Última modificação: 16 Junho, 2023 - 15h08

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Lilian Milena e André Accarini

Roberto Parizotti
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O início da Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central nas ruas foi marcado com um recado claro e direto ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto para que baixe a taxa básica de juros no Brasil, hoje em 13,75%."É uma vergonha o país perseguir meta de inflação. O país tem que perseguir meta de geração de emprego, de crescimento do trabalho, que é isso que o país precisa. Temos que baixar a taxa de juros” disse Sérgio Nobre, presidente da CUT, durante um ato que ocupou as ruas de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Com o olhar atento da população, o dirigente explicou que a política do BC penaliza a classe trabalhadora, ao afirmar que "os juros altos são a forma mais cruel, mais perversa de transferir renda daqueles que são pobres para aqueles que são ricos".

Sérgio Nobre ainda avisou que a pressão continuará nas ruas até o Banco Central baixar os juros. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, terá início no dia 20, quando centrais e movimentos populares farão novos protestos em frente às sedes do BC em várias cidades do Brasil.

Não vamos sair das ruas enquanto o Campos Neto não baixar a Selic. Se ele não fizer isso, vamos ao Senado pedir a cassação dele. Porque o papel do presidente o BC é promover emprego, desenvolvimento do país e ele está fazendo o contrário
- Sérgio Nobre

 

Roberto ParizottiRoberto Parizotti
Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT

 

 

Manifestação

A caminhada em São Bernardo do Campo, organizada de pela CUT, centrais sindicais e sindicatos filiados, teve participação de movimentos populares e começou logo pela manhã desta sexta-feira, já com centenas de trabalhadores e trabalhadoras em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A ‘Jornada de Lutas Contra os Juros Altos’ será permanente até que o Banco Central, comandado pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, pare de boicotar o país e baixe a taxa de juros básica do país, que é a maior taxa do mundo.

Além das centrais, que contou com a participação de diversas entidades sindicais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

"Essa manifestação é uma luta por emprego, por direitos, uma luta por qualidade de vida. Porque os juros que o Banco Central está praticando são extorsivos, que impedem a geração de emprego, que o trabalhador tenha recursos para comprar sua casa própria, seu carro", destacou a presidenta a Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.

No ato, Juvândia mostrou alguns dos impactos negativos da alta taxa de juros para o país. "É por isso que os pátios [das montadoras] estão cheios de carro. A indústria não está conseguindo vender. Se o trabalhador não compra, o comércio não vende, e, se não vende, o trabalhador começa a perder o seu emprego. Por isso que estamos na rua, para cobrar o Banco Central, que é o responsável por esses juros altos, pelo comércio não estar vendendo", disse ela.

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Juvândia Moreira, vice-presidente da CUT

 

 
 
 
 
 
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Boicote à economia 

Juvandia lembrou que Campos Neto foi indicado à direção do BC em 2019, pelo então presidente Bolsonaro. "Na eleição de 2022 ele foi votar com a camiseta do Bolsonaro. Ele diz que o Banco Central é independente, que não atua politicamente, entretanto a atuação da entidade em manter a Selic elevadíssima prejudica a política econômica do governo Lula, boicota as ações necessárias para o país voltar a crescer", destacou a dirigente da Contraf-CUT.

"Campos Neto também tem dinheiro no exterior e muitos investimentos, por isso está ganhando com essa política que sufoca o desenvolvimento do país. São R$ 600 bilhões de reais que o Tesouro paga de juros aos seus credores. Esse valor, que sai do Tesouro para o bolso de banqueiros e especuladores, seria muito menor se a Selic fosse reduzida e, assim, mais dinheiro o governo teria para direcionar à saúde, educação e infraestrutura", lembrou ainda.

O deputado Lindbergh Farias que também esteve no ato junto com a também deputada e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, destacou que a economia já está respondendo positivamente às políticas de desenvolvimento implementas pelo governo Lula, como valorização do salário mínimo acima da inflação, expansão do Bolsa Família, investimentos no Minha Casa e Minha Vida e redução dos combustíveis - esta última medida, inclusive, favoreceu a queda dos níveis de inflação registrados nos últimos meses. Os impactos positivos, entretanto, são reduzidos por causa da Selic em 13,75%.

"Esse Campos Neto foi indicado por Bolsonaro e está querendo sabotar o governo Lula. Como justificar, com uma inflação baixa, de 3,94% em 12 meses, manter a maior taxa de juros do mundo, de 13,75%? Estamos começando um grande processo de mobilização nacional, porque não vamos admitir que o governo continue sendo sabotado", disse Lindbergh Farias, lembrando que, com 41 votos no Senado, Campos Neto poder ser afastado do Banco Central.

Pressão continuará nos próximos dias

A Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central é permanente, até que a entidade atenda às demandas por uma Selic favorável ao desenvolvimento do país.

Na próxima segunda-feira (19), os movimentos sociais realizarão um grande tuitaço nas redes sociais, aumentando o compartilhamento de materiais gráficos e vídeos par que a população entenda os impactos negativos da política de juros altos implementada pelo BC. As mensagens serão compartilhadas com as hashtags #JurosBaixosJá e #ForaCamposNeto.

No dia 20 de junho, os movimentos populares realizarão protestos em todo país: em frente às sedes do BC, onde houver, e em locais de grande circulação, nas cidades onde não há sedes do BC.

Veja como foi o ato em São Bernardo do Campo