Trabalhadores autônomos, aposentados e servidores marcam presença na marcha
Trabalhadores de diferentes categorias e cidades se unem em defesa da pauta da classe trabalhadora na marcha em Brasília
Publicado: 29 Abril, 2025 - 13h13 | Última modificação: 29 Abril, 2025 - 13h46
Escrito por: Walber Pinto | Editado por: Rosely Rocha

A pauta da classe trabalhadora que está sendo entregue nesta terça-feira (29) ao presidente Lula, ao Congresso Nacional e aos ministros do Supremo e do Trabalho, uniu trabalhadoras de diferentes áreas, idade e cidades. Até mesmo quem não tem carteira de trabalho assinada fez questão de defender as reivindicações que vão favorecer milhões de brasileiros e brasileiras, independentemente de idade e atuação profissional.
Javier Alberto da Silva Gimenez, de 25 anos que trabalha com manutenção e é motoboy, autônomo, da cidade de Uberlândia (MG), foi um dos milhares que participaram da marcha. Seu maior intuito foi o de defender o fim da escala 6 X 1.
“Eu particularmente sou autônomo, mas durante um bom tempo eu acabei trabalhando nesse sistema [6 x 1]; tive muitos danos e percebo que também as pessoas ficam com essa narrativa sobre a questão do trabalho, que é algo divino, que sempre tem que trabalhar, mas não. Temos que descansar, temos que ter momentos de oportunidade pra aproveitar, de estar com a família e a minha principal vontade de ter vindo aqui foi por causa disso”, contou.
Sobre a sua atual profissão Javier entende que é preciso regulamentar esse trabalho, que apesar de exaustivo, tem atraído muitos trabalhadores para complementarem suas rendas, inclusive os que já trabalhavam exaustivamente na escala 6 X 1.
“Muitos trabalhadores da escala 6x1 optam por uma renda extra porque não estão tendo boa remuneração e muitos deles acabam indo para essa área acreditando que vai ter uma melhoria. Mas é simples falar de não ter um patrão de não precisar cumprir horários. São narrativas assim que não fazem um mínimo sentido. Por isso que nós que estamos nesse meio, que conhecemos, que entendemos a real importância de estar na rua, temos que vir independente da classe, independente do que fazer, é trabalhador, é estar na rua e é lutar mesmo”, declarou.

A psicóloga e servidora municipal da cidade de Formosa (GO), Letícia Dias Albuquerque, 27 anos, ressaltou que é preciso, que a classe trabalhadora se mobilize para buscar os seus direitos, principalmente os mais jovens que estão distantes dessa luta.
“As coisas nunca são dadas a nós de graça, elas são sempre conquistadas a partir do suor de quem está fazendo o trabalho, de quem tá ali na ponta. Eu sou uma trabalhadora da ponta, eu sou uma trabalhadora da assistência. Eu acredito que, enquanto pessoa jovem, que ingressou no mercado de trabalho há pouco tempo, eu vejo a importância da juventude nessa pauta, principalmente porque hoje a gente tem um processo de precarização no trabalho mesmo, a gente tem um processo de pejotização e precarização e a juventude ela tem se distanciado um pouco dessa luta, até porque muitas vezes ela não entende”, alertou.
Letícia pediu aos jovens que participem dessa luta, de conquista de direitos, principalmente pelo fim da escala 6 X 1, que é a realidade de muitos jovens brasileiros, apesar das dificuldades de participar dos atos e manifestações.
“É importante faltar é que, muitas vezes, a população que sofre com esse tipo de escala, ela não consegue também estar dentro desse espaço. É preciso pensar também como é que a juventude consegue estar aqui, sendo que eles precisam trabalhar, precisam buscar o sustento. A maioria, inclusive, nem emprego tem, mas vamos seguir de novo. Viva a luta, companheiros!”.

Independentemente da necessidade de trabalhar, a marcha em Brasília, atraiu também os que já contribuíram com o país, mas ainda lutam pelo futuro dos brasileiros e brasileiras como a professora aposentada, Elizabeth Pereira de Carvalho, filiada ao Sindicato União dos Trabalhadores em Educação do Município de Formosa (MG), o Sinduite, que foi à marcha em defesa da educação.
‘Essa marcha aqui dos trabalhadores e trabalhadoras em nível nacional é muito importante, independente das categorias. E no meu caso específico, com relação à educação, mesmo eu já estando aposentada, mas foram 32 anos e meio na ativa na rede pública de Minas Gerais. Então, eu conheço muito bem os desafios que a educação brasileira tem. Nós enquanto representantes da educação temos todos os dias que lutar para a gente conseguir conquistar um espaço dentro da sociedade e também junto aos nossos representantes do Executivo. Por isso que estou aqui defendendo melhoria salarial, melhores condições de trabalho para que a gente possa ter uma boa condição de trabalho para a gente poder transmitir o conhecimento aos nossos alunos”, afirmou Elizabeth.

A marcha em Brasília terminou no final desta manhã. Ela foi organizada pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, NCST, Publica e Intersindical Central.
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