SUS 35 anos: a reconstrução após anos de retrocessos
Em três anos o atual governo amplia acesso, moderniza serviços e fortalece políticas públicas de saúde em todo o país
Publicado: 17 Outubro, 2025 - 08h19 | Última modificação: 17 Outubro, 2025 - 08h30
Escrito por: Luiz R Cabral | Editado por: Rosely Rocha

Após um ciclo de retrocessos que desestruturou políticas públicas e fragilizou o Sistema Único de Saúde (SUS), o atual governo federal iniciou um amplo processo de reconstrução da rede pública. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) herdou um sistema enfraquecido pelos cortes orçamentários e pela condução ideológica do governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ), que deixou como marca o negacionismo, a omissão, e desprezo pela ciência e os cortes orçamentários na área da saúde.
Especialistas descrevem o cenário encontrado no SUS, em 2023, como “terra queimada”, resultado de políticas que ampliaram desigualdades e reduziram a capacidade do país de enfrentar crises sanitárias como a pandemia de Covid-19. Nesta quarta e última reportagem da série SUS 35 anos, vamos abordar como o atual governo vem reconstruindo o maior sistema público de saúde do mundo.
Retomada das diretrizes originais e da atenção básica
No primeiro ano da atual gestão, sob o comando da ex-ministra Nísia Trindade, o Ministério da Saúde retomou as diretrizes originais do SUS, com foco na atenção básica, na inclusão e na redução das desigualdades regionais. Logo nos primeiros meses, a pasta revogou portarias que contrariavam princípios constitucionais da saúde pública. Entre elas, a de nº 2.561, editada durante o governo Bolsonaro, que obrigava médicos a comunicar à polícia casos de aborto legal — medida que impunha barreiras ao atendimento de mulheres nos hospitais.
Mais Médicos: o merecido retorno
Um dos marcos dessa reestruturação foi a recriação e ampliação do programa Mais Médicos, retomando o projeto de universalização do acesso à saúde iniciado no governo Dilma Rousseff. A nova fase abriu 15 mil vagas, com 3,6 mil médicos em 2 mil municípios, alcançando regiões rurais, periféricas e indígenas, além de populações em situação de rua e o sistema prisional. O programa resgata a presença do Estado onde a iniciativa privada não chega e reafirma o compromisso de levar atendimento digno a todos os brasileiros.
“O avanço da política educacional desde os primeiros governos Lula também tem impacto direto nesse processo. Com a expansão das universidades públicas e dos cursos de medicina, filhos de trabalhadores passaram a ocupar espaços antes restritos às elites, retornando a suas comunidades como médicos formados. Essa transformação alia inclusão social, valorização da educação pública e fortalecimento do SUS — pilares defendidos pela CUT como essenciais para a democratização da saúde”, afirmou Josivania Ribeiro Cruz Souza, secretária de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT Nacional.
Investimentos e modernização na assistência farmacêutica
Na assistência farmacêutica, o Componente Especializado (Ceaf) garantiu acesso a 177 medicamentos de alta complexidade, com investimento de R$ 7,9 bilhões em 2022. Em 2023, o Ministério modernizou o sistema de solicitação e renovação com a Portaria nº 1.022, que digitalizou todo o processo. Outra medida relevante foi o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), que destinou R$ 600 milhões à realização de cirurgias eletivas, exames e consultas, atacando um dos gargalos históricos da rede pública.
Saúde do trabalhador volta à pauta
A saúde do trabalhador também voltou à agenda pública. A atualização da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT) ampliou para 347 os códigos de doenças ocupacionais, reforçando o compromisso do governo com a proteção da classe trabalhadora. Dados de 2006 a 2022 mostram que 81,7% dos casos registrados entre profissionais de saúde estavam ligados a acidentes com material biológico, e 16,8% a acidentes de trabalho em geral.
Digitalização e inovação no atendimento
No campo tecnológico, o Conecte SUS avançou como principal ferramenta da Estratégia de Saúde Digital (2020–2028). A plataforma permite acesso a prontuários e histórico vacinal. Em agosto de 2023, todas as 27 unidades da federação haviam aderido ao Conecte SUS Profissional, garantindo maior integração de dados e agilidade nos atendimentos.
2025: Novo PAC Saúde e expansão da rede pública
Em 2025, com o retorno do médico e ex-ministro Alexandre Padilha à pasta, o SUS entrou em nova etapa de expansão. O Novo PAC Saúde prevê a construção de 768 Unidades Básicas de Saúde (UBS), 100 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e 31 policlínicas, além da compra de 10 mil equipamentos para modernização da rede. O plano inclui ainda a requalificação de hospitais federais, ampliação de leitos e o fortalecimento do diagnóstico e tratamento do câncer.
Agora Tem Especialistas: mais acesso e dignidade
Outro avanço é o Programa Agora Tem Especialistas, transformado em lei em 2025, que amplia o acesso a consultas e procedimentos especializados no SUS. Com investimento anual de R$ 2 bilhões, a iniciativa garante prioridade para pacientes com câncer e prevê transporte, hospedagem e atendimento por telemedicina em regiões isoladas.
A diferença entre o descaso e a reconstrução
As diferenças em relação ao passado recente são visíveis. Durante o governo Bolsonaro, a condução negacionista da pandemia resultou em mais de 700 mil mortes e paralisou políticas preventivas. Hoje, o governo federal reage com rapidez a novas ameaças sanitárias, como os casos de intoxicação por metanol. O Ministério da Saúde reforçou estoques de etanol farmacêutico e adquiriu, do Japão, milhares de doses de fomepizol, antídoto de maior eficácia, garantindo resposta imediata aos estados mais afetados.
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