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Sob governo Bolsonaro, ataques virtuais a veículos e jornalistas triplicam em 2020

Em 2020, aumentaram 140% os ataques a jornalistas. O mais recente ataque cibernético foi ao Repórter Brasil . Fenaj condenou ataque e ameaças feitas ao veículo

Publicado: 14 Janeiro, 2021 - 09h47 | Última modificação: 14 Janeiro, 2021 - 09h52

Escrito por: Redação CUT

Marcos Santos/ USP
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Casos de ataques a jornalistas triplicaram em 2020 em relação ao ano anterior. Uma categoria de intimidação ainda pouco observada pela classe são as chamadas restrições à internet. Esse tipo de agressão cresceu 140% segundo dados preliminares da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Os dados foram contabilizados até novembro.

Tais restrições incluem desde o encerramento ou suspensão arbitrária de contas ou perfis de mídia social, ataques de hackers, ciberameaças, bloqueio direcionado de páginas da web e bloqueio de usuários de contas institucionais, oficiais ou de autoridades. Geralmente, veículos e jornalistas atingidos são de pequeno e médio porte em todo o país.

Apenas no segundo semestre de 2020, outras seis investidas similares atingiram o Blog do Magno Morais, de Pernambuco; o portal de notícias Roma News, do Pará e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), além do portal Outras Palavras, que tem como parceiros o Joio do Trigo e o De Olho nos Ruralistas, que também sofreram com hackers.

Nos primeiros dias de 2021, o site da Repórter Brasil foi alvo de uma série de ataques cibernéticos nos últimos dias, o que chegou a deixá-lo fora do ar em dois dias. Segundo a organização, os invasores ameaçam continuar a ação caso algumas reportagens não sejam apagadas.

Um e-mail anônimo foi enviado no dia 6 de janeiro: "Como devem ter percebido vcs passaram por alguns problemas tecnicos na ultima data. Para que isso nao ocorra novamente removam as materias nas pastas de 2003, 2004, 2005 [sic]".

"A situação não é apenas um flagrante desrespeito à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, mas também possível crime de constrangimento ilegal, previsto no artigo 146 do Código Penal", afirmou a organização, em nota.

Na manhã do dia 7, a sede da organização passou por uma tentativa de invasão física, com tentativa de arrombamento do portão de sua sede. A ação foi impedida por vizinhos. O portão passa por reparos e a segurança foi reforçada.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) divulgaram uma nota condenando ataques e as ameaças ao veículo. Para a FENAJ, os ataques cibernéticos ao site da Repórter Brasil, seguidos de chantagem e ameaças, são gravíssimos e exigem uma ação imediata, por parte das Polícias Civil e Federal, para identificação dos responsáveis.

“É a primeira vez que temos no Brasil um ataque cibernético com objetivo assumido de censura, portanto, assumidamente um ataque à liberdade de imprensa. A desfaçatez do ou dos responsáveis exige o repúdio de toda sociedade e uma resposta à altura das autoridades competentes”, diz trecho do documento.

Para o SJSP, as ameaças e ataques, que chegaram à uma tentativa de invasão física à sede da organização, são inconcebíveis em uma sociedade democrática e não podem ser tolerados.

“O SJSP coloca-se à disposição dos jornalistas da Repórter Brasil para somar-se às medidas judiciais já adotadas e solidariza-se com a organização que mantém o site jornalístico”, disse a entidade em nota.

*Com informações do Congresso em Foco