Sindicato de Pernambuco reintegra mais de 30...
Funcionários apresentam LER/DORT, desconsiderada pelo banco na hora de demissão
Publicado: 11 Abril, 2013 - 16h40
Escrito por: Sulamita Esteliam - Sindicato dos Bancários de Pernambuco
O Sindicato dos Bancários de Pernambuco acaba de reintegrar, judicialmente, mais três trabalhadores do Santander, dois dos quais demitidos na leva da dispensa em massa ocorrida em dezembro do ano passado, todos oriundos do antigo Bandepe. Os funcionários são portadores de LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo - Doença Ocupacional Relacionada ao Trabalho), desconsiderada pelo banco na hora de demissão. Outras duas reintegrações devem acontecer até o início da próxima semana, segundo Wellington Trindade, secretário de Saúde do Sindicato.
Somadas as reintegrações a se efetivarem, já ultrapassa a casa de 30 o número de bancários demitidos sem justa causa pelo banco espanhol que tiveram seu direito ao emprego de volta. É mais de 50% das cerca de 54 dispensas que passaram pelo Departamento Jurídico do Sindicato na ocasião. Em todas elas, a exemplo dos três processos consolidados esta semana, o Sindicato se recusou a fazer a homologação, emitiu a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e orientou os trabalhadores a buscarem seus direitos, via Justiça.
Francisco Odilon, da Agência Araripina, estava afastado pelo INSS, quando foi demitido em 5 de dezembro. Contava 27 anos e seis meses de banco. Portador de lesões nos ombros e cotovelos, ainda assim foi considerado apto à demissão pelo Departamento Médico do Santander. “Vinha fazendo tratamento há muito tempo. Foi meu primeiro afastamento. A demissão veio um dia após eu ter sido enquadrado em benefício pelo INSS”, conta o bancário. Ele ainda se encontra em benefício e retorna ao trabalho, efetivamente, dia 2 de maio. A reintegração foi obtida através do advogado Valder Rubem, que não integra a Assessoria Jurídica do Sindicato.
Já Fernando Márcio Campos de Azevedo foi reintegrado à Agência Rua da Imperatriz, na terça-feira, 9, por antecipação de tutela. No final de 2009 e início de 2010, ele esteve afastado do trabalho para tratar lesões no punho, cotovelo, ombro e na lombar. A despeito disso, o último exame periódico a que se submeteu pelo Santander, constatou aptidão ao exercício funcional. Dois meses depois, em 3 de outubro de 2012, o coordenador de Atendimento foi demitido, após 31 anos e três meses de serviços prestados.
“Eu continuava a sentir dores, tomava medicação, mas sabe como é... Na verdade, é difícil conciliar a rotina de trabalho no banco com o tratamento, então a gente vai adiando, deixando pra depois”, confessa. Em benefício pelo INSS até 19 de abril, ele pretende requerer a extensão do afastamento, pois ainda não se sente recuperado.
Caso semelhante é a do bancário Aloízio Feijó, reintegrado à Agência de Prazeres na quinta-feira, 5. Ele também tinha histórico de dores nos membros superiores, incluindo a coluna cervical, desde 2007. Gerente de Atendimento, “ou faz tudo” - segundo ele, estava em tratamento desde então; tomava medicação, fazia fisioterapia, mas não quis se afastar do trabalho, apesar da recomendação médica. “A gente não tem o direito de adoecer. Vê o que acontece com os colegas que se afastam... Optei pelo paliativo. Fui demitido do mesmo jeito. Graças a Deus não perdi o direito ao Plano de Saúde, senão teria sido muito mais difícil”, reconhece.
A demissão de Feijó ocorreu em 16 de junho de 2011, depois de 29 anos de banco. A perícia do INSS o colocou em benefício até janeiro de 2012, ainda com a saúde debilitada e os movimentos comprometidos. Entrou na Justiça, e só agora, em 2 de abril obteve liminar, através do escritório Advogs, que assessora a Asbepe, via advogado Antônio Carlos que também cuida do processo de Fernando Azevedo. A data do retorno efetivo ao trabalho ainda é uma incógnita, mas o protocolo da reintegração ao banco assegura seus direitos.