Rio de Janeiro: servidores do TRE promovem...
Manifestação em frente à sede da emissora em Botafogo exige direito de resposta
Publicado: 01 Março, 2012 - 17h29
Escrito por: Sisejufe

Servidores protestaram contra termos pejorativos utilizados pelo jornalista Ricardo BoechatA direção do Sisejufe promoveu nesta quinta-feira, 1º de março, pela manhã manifestação em frente à sede da rádio BandNews, em Botafogo, para cobrar direto de resposta da emissora em relação aos comentários pejorativos feitos em 10 de fevereiro, pelo jornalista Ricardo Boechat sobre os servidores do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE). Na ocasião, Boechat chegou a chamar, ao vivo, os funcionários do tribunal de “vagabundos” por conta da suspensão do expediente nas zonas e cartórios eleitorais em decorrência da deflagração da greve dos policiais militares e bombeiros do Rio. O ato que contou com a participação de diretores do sindicato e representantes sindicais de base chegou a atrapalhar a gravação de programas da emissora. Os manifestantes se revezavam em discursos no carro de som levado pelo Sisejufe para a porta do prédio da rádio.
“Não nos deram direito de resposta. Por isso estamos aqui na porta para fazer essa manifestação. Os servidores do TRE foram ofendidos pelo jornalista Ricardo Boechat, que em nenhum momento procurou apurar a história direito. Recebeu uma ligação de um ouvinte e foi logo fazendo juízo de valor, sem ouvir a outra versão. E olha que tentamos falar (três diretores do Sisejufe ligaram para a rádio) com a produção do programa dele que de forma antidemocrática não abriu espaço para explicarmos o que de fato ocorreu”, afirmou o diretor do Sisejufe e de Formação da CUT Rio, Roberto Ponciano.
Dois representantes da rádio desceram e foram até os manifestantes solicitar que a aparelhagem de som tivesse o volume diminuído. Eles alegavam que os discursos estariam atrapalhando as gravações no interior do estúdios. Ponciano ressaltou que a manifestação era justamente para que a emissora revisse a sua posição de não ter concedido o direito de resposta ao sindicato.
“Se uma caixa de som tem o poder de atrapalhar o trabalho do pessoal da rádio e da TV Bandeirantes, imagina o estrago que foi feito com abrangência e a audiência que o programa do Boechat tem ao veicular notícias e informações infundadas a respeito dos servidores do TRE? Se a direção da emissora tivesse dado o direito de reposta, nós não estaríamos aqui”, declarou Flávio Pietro, também diretor do Sisejufe.
Roberto Ponciano informou que será feita uma campanha estimulando o boicote ao grupo Bandeirantes. Segundo ele, apesar do poderia da mídia, o movimento sindical também possui meios de comunicação que atraem a atenção de trabalhadores e seus familiares. “Sem contar que hoje também usamos as redes sociais. Se eles da grande mídia têm poder, nós também podemos espalhar notícias. Por isso, vamos incentivar que nossos servidores deixem de ouvir a BandNews”, acrescentou Ponciano.
Outro diretor do Sisejufe que participou da manifestação Willians Faustino e o representante sindical de base do TRE Alberto Carlos Osório distribuíram carta à população as pessoas que passavam em frente à sede da Bandeirantes. No documento, os servidores do TRE cobram direito de resposta à emissora e explica o que acorreu na realidade.
Relembre o caso
No dia 10 de fevereiro, Ricardo Boechat fez comentários pejorativos aos servidores do tribunal a partir da informação de um ouvinte de que os funcionários não teriam comparecido ao trabalho em virtude da greve dos agentes públicos da área de Segurança do Rio. A paralisação da Segurança Pública fora deflagrada no dia anterior e começaria no mesmo dia 10. Em nenhum momento, entretanto, a produção do programa tomou o cuidado em apurar a autenticidade da informação de que os servidores teriam se ausentado do trabalho.
O que de fato ocorreu foi que a presidenta em exercício do TRE-RJ, Letícia Sardas, por precaução, editou no dia 10 de fevereiro – data em que começou a greve das forças de segurança do estado – o ato administrativo 43/2012, suspendendo o expediente no tribunal. Informação que o jornalista não se preocupou em apurar.
Ao tomar conhecimento das informações deturpadas veiculadas pelo jornalista, a direção do Sisejufe reivindicou retratação pública e direito de resposta à emissora para esclarecimentos. Imediatamente, o presidente do sindicato, Valter Nogueira Alves, ligou para a rádio, com o programa ainda no ar, a fim de explicar o que acontecera em relação ao expediente do TRE naquele dia. Mas o dirigente não teve oportunidade de explicar aos ouvintes a verdade sobre a medida da presidenta, que suspendeu o expediente na sede e nos cartórios eleitorais em todo o estado, em virtude da paralisação promovida por policiais militares e civis e bombeiros.
No dia 29 de fevereiro, o diretor-presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves, por meio do Departamento Jurídico da entidade, entrou com requerimento administrativo para que a Rádio BandNews conceda direito de resposta ao sindicato devido aos comentários absurdos e equivocados feitos à Justiça Eleitoral e a seus servidores por Boechat, que chegou a qualificar os funcionários do tribunal de “vagabundos”.
Por esse motivo,o Sisejufe quer que em até 24 horas, após o recebimento do requerimento, seja disponibilizada a íntegra da gravação do programa transmitido entre 7h e 9h do dia 10/2/2012, para que a entidade possa ter acesso ao material. E em até até 72 horas, após a coleta do material (gravação), que a rádio veicule, no mesmo horário em que ocorreram as afirmações ofensivas, uma gravação realizada por representante do Sisejufe, em defesa dos servidores da Justiça Eleitoral, comunicando o requerente do dia e horário em que ela irá ao ar. A direção da emissão ainda não respondeu ao sindicato.
A manifestação promovida pelo Sisejufe relembrou um momento obscuro da carreira de Ricardo Boechat, quando ele foi demitido do jornal O Globo e da rede Globo. O diretor Roberto Ponciano resgatou uma história em que a revista Veja, em 2001, publicou trecho de grampo telefônico em que Boechat estaria revelando ao jornalista Paulo Marinho o conteúdo das matérias que seriam publicadas pelo jornal.
A demissão de Boechat teria sido motivada pela falta de ética, segundo alegou a direção das organizações Globo. Marinho trabalhava para Nelson Tanure, principal acionista do Jornal do Brasil e aliado de uma empresa que disputava o controle da Telemig Celular e Tele Norte Celular em confronto com o banqueiro Daniel Valente Dantas.
O escândalo revelava alguns dos métodos que seriam empregados nas disputas pelos controles das companhias telefônicas. Jornalistas estariam sendo grampeados e notícias plantadas na grande mídia para favorecer determinados grupos. Boechat teria sido grampeado.