Retratos da terceirização e...

Um incêndio foi registrado na manhã de terça-feira (31), em uma tubulação de gas das caldeiras da central termelética da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST), no município da Serra/ES. O acidente deixou 30 operários intoxicados devido à grande quantidade de fumaça que foi canalizada para dentro da caldeira. Dos feridos, apenas o metalúrgico terceririzado da empresa Reframax, Mauro Monteiro, ficou internado no Vitória Apart Hospital. Ele recebeu alta nesta quarta-feira (1°).

Segundo informou o secretário de Saúde do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal), Walter Bernardo Ribeiro, o acidente atingiu empregados de três empresas terceirizadas da ArcelorMittal – Reframax, Mozine &Mozine (M&M) e Imetame - foi causado pela inalação de um gás tóxico liberado durante o incêndio. Ele esclareceu que os trabalhadores faziam a manutenção do equipamento durante uma parada programada da empresa e que havia resquício de gás na tubulação que estava sendo cortada pelos trabalhadores. Nem a ArcelorMittal, nem as empresas terceirizadas haviam comunicado, formalmente, o acidente ao sindicato.

Segundo o presidente do Sindimetal, Roberto Pereira de Souza, houve negligência por parte das empresas que não acionaram uma trava de segurança, denominada Rasquete, que teria impedido que a fumaça tóxica atingisse a cadeira, onde estavam muitos operários. Roberto contou que os trabalhadores ficaram em pânico, já que a caldeira fica a cerca de 40 metros de altura.

“Muitos correram, mas a maioria inalou muita fumaça”, informou o presidente. Walter fez um comunicado à Superintendência Regional do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho para que o Sindicato possa acompanhar as investigações e apurações do acidente. “As empresas esconderam o fato de toda à sociedade”. Segundo o diretor, até a tarde de quarta-feira, ainda não havia comunicação oficial do fato.

A ArcelorMittal confirmou o acidente através de nota oficial divulgada  pela assessoria de imprensa ao jornal A Gazeta. Segundo a nota, somente 20 trabalhadores tinha se ferido com o incêndio, mas o Sindimetal apurou que 20 foram somente da empresa Imetame. Os outros 10 são empregados da Reframax e de sua quarteirizada M&M.

Para o CST, o problema teria começado na metade do dia. O comunicado garantiu que todas as providências relativas ao tratamento e assistência dos funcionários e seus familiares estavam sendo tomadas. Ainda de acordo com a empresa, dos trabalhadores atingidos, apenas um deles continuava internado em observação, em um hospital da Grande Vitória. A empresa informou também que foi instaurada uma comissão interna para apurar as causas do acidente.

A notícia do acidente na unidade só foi confirmada pela empresa por volta das 19h, depois que trabalhadores denunciaram ao jornal A GAZETA revelando o acidente. Foi quando a assessoria divulgou a nota oficial.