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Projeto na Câmara pede concessão de anistia póstuma a João Cândido, o Almirante Negro

Publicado: 09 Maio, 2008 - 14h25

Aproveitando as comemorações do Dia da Abolição da Escravatura, 13 de Maio, o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, solicitou ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para que seja votado o projeto de lei 7198/2002 que concede anistia póstuma ao líder da Revolta da Chibata, o marinheiro João Cândido.

O ministro Edson Santos também discutiu estratégias para a votação do Estatuto da Igualdade Racial, e vêm reunindo-se com diversos partidos para garantir a aprovação do projeto.

Conhecido como o Almirante Negro, João Cândido liderou o movimento pelo fim dos castigos corporais e por melhores condições dentro da Marinha de Guerra. O uso da chibata era uma herança do período da escravidão. Apesar de ter sido abolido formalmente com a proclamação da República, esse método continuou a ser utilizado pela aristocrática oficialidade da Marinha. O castigo era aplicado no convés e toda a tripulação tinha que assistir a humilhação dos seus companheiros.

O levante ocorreu no dia 22 de novembro de 1910, após o marinheiro negro Marcelino Rodrigues sofrer 250 chibatadas, 10 vezes mais o que era determinado, mobilizando quatro navios de guerra na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

João Cândido apresentou um manifesto com as reivindicações dos revoltosos, incluindo o fim da chibata. Após várias negociações, foi aprovado um projeto de anistia feito pelos senadores Rui Barbosa e Severino Vieira, o governo fingiu aceitar as exigências e com isso os marinheiros cessaram o levante. Mas os revolucionários foram traídos pelo governo de Hermes da Fonseca, acabaram detidos e o movimento barbaramente reprimido, com o assassinato de muitos deles.

Levando ao fim o uso da chibata como punição, a revolta terminou vitoriosa, mas seu líder foi preso e expulso da Marinha sem qualquer direito. Vivendo precariamente, João Cândido sofreu privações e passou a vida trabalhando como estivador e descarregando peixes na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro.

Imortalizando a luta de João Cândido, na década de 70, os compositores João Bosco e Aldir Blanc resgataram a memória do líder com o samba "O mestre-sala dos mares".

Outra homenagem também foi feita ao herói em 22 de novembro de 2007, quando foi inaugurada uma estátua do Almirante Negro nos jardins do Museu da República, antigo Palácio do Catete.

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