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Preço do combustível: muita pirotecnia, nenhum resultado

Além de redução não ser garantida, nova política de Temer pode ser péssima em curto prazo

Publicado: 18 Outubro, 2016 - 18h18

Escrito por: Luiz Carvalho

Marcelo Casall - ABr
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Política de Temer pode ser um desastre


A redução de preço em 3,2% na gasolina e 2,7% no diesel anunciada com estardalhaço pela Petrobrás no último sábado (15) ainda não chegou aos postos de combustíveis e talvez nunca chegue. Pior, a nova política anunciada pela empresa pode gerar uma elevação nas bombas.

Isso porque a companhia apontou que agora os preços serão reajustados de acordo com o mercado internacional. Mais uma decisão que, junto com outras políticas neoliberais de ilegítimo Michel Temer (PMDB), pode levar o país de volta à década de 1990, avalia a FUP (Federação Única dos Petroleiros).

“Atrelar o preço da gasolina à variação do petróleo já foi feito no passado e o resultado é que tivemos reajuste de quase 350%. Vamos supor que estoure uma guerra e o preço do combustível vá lá em cima. Isso já foi feito no Brasil e o resultado foi danoso para a população”, lembrou José Maria Rangel, coordenador-geral da federação.

De acordo com um levantamento da FUP, entre 1995 e 2002, o preço do combustível sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. De 2003 a 2015, o reajuste foi de 45%, uma média de 3.75% ao ano. 

Para Rangel, o preço deveria levar em conta o cenário do petróleo em um período maior. “O correto seria avaliar o preço do petróleo por quatro meses, a maneira como se comportou, se subiu ou desceu para aí decidir sobre elevação ou redução. Até porque, o mercado do petróleo é especulativo, hoje ele está baixo por conta de uma briga dos EUA com Arábia Saudita. Amanhã a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) diz que vai fechar as torneiras e o barril vai a 140 dólares. Como faremos?”, questionou.

Injustificável

A FUP questionou ainda a principal justificativa da direção da Petrobrás, de que o “crescente volume de importações” estaria reduzindo a participação da empresa no mercado de distribuição. 

Mas ressalta que, se a gestão da companhia estivesse preocupada com a perda de mercado, não abriria mão da BR, uma de suas mais lucrativas subsidiárias, cuja compra está sendo disputada por segmentos que vão das Lojas Americanas ao Itaú, tamanha a vantagem do negócio.

Secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, ressaltou que o show de pirotecnia dos jornais, que trataram a questão como uma grande sacada do ilegítimo Temer (PMDB) foi um tiro na água. Um tratamento bem diferente de quando o governo Dilma Rousseff resolveu segurar o preço do combustível.

“Na ocasião, os jornais trataram como uma atitude populista e citam isso como um dos grandes erros na gestão da companhia. Agora, todos trouxeram em legras garrafais que essa seria uma atitude importante para alavancar a economia, mas a estimativa de que a gasolina ficaria 1,4% mais barata e o diesel, 1,8%, não só não se confirmou, como algumas distribuidoras ainda disseram que iam aumentar o valor por conta da subida do etanol que compõe a gasolina”, criticou.

Até 2003, lembra a FUP, a Petrobrás reajustava mensalmente os seus preços e, depois, começou a exercer uma política de preços que levava em consideração tanto o mercado externo quanto o interno, preservando os interesses nacionais e as necessidades da população.  

A partir de 2011, por determinação do governo Dilma, a empresa passou a segurar os preços dos combustíveis, o que gerou uma perda de receita equivalente a R$ 60 bilhões, segundo especialistas do setor. Para compensar o que deixou de arrecadar nesse período, a companhia manteve os preços que vinha praticando, apesar da queda do barril do petróleo. 

Na política de definição de preços é bom destacar que a cada litro de gasolina comercializado, ao custo médio de R$ 3,65, a Petrobrás recebe 30%. Os demais R$ 2,55 são para cobrir os tributos federais e estaduais (37%), as margens dos revendedores (11%) e dos distribuidores (5%) e outros custos.

Não por acaso, esses últimos, na visão do José Maria Rangel, os grandes agraciados com o anúncio. “Ao contrário do que acontece, o governo anunciou a queda antes da Bolsa abrir, influenciou diretamente na variação de papéis porque as ações da empresa dispararam e tudo isso não vai se refletir no bolso do trabalhador, porque usineiros e distribuidores dissera quem não vão diminuir a taxa de lucro.”