Petroleiros se reúnem com governo Lula para debater a reconstrução da Petrobras
Dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos estão em Brasília esta semana para tratar de pautas como o papel estratégico da Petrobras na transição energética a venda de refinarias
Publicado: 12 Janeiro, 2023 - 12h02
Escrito por: Redação CUT

Dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e de seus sindicatos vem realizando, desde a última segunda-feira (9), uma série de encontros com representantes do governo Lula para reafirmar a importância da reconstrução do Sistema Petrobras. Em um dos encontros realizados na terça (10), com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, os petroleiros destacaram pontos como o papel da estatal na transição energética e o fortalecimento do parque de refino da Petrobras.
A FUP reforçou o apoio ao projeto proposto pelo novo governo, de resgate da soberania nacional e de uma transição energética, se colocando à disposição para um amplo debate sobre a pauta da categoria petroleira para reconstrução da Petrobrás e o fortalecimento do setor de óleo e gás no desenvolvimento do país.
Os dirigentes sindicais reiteraram também a necessidade de a estatal ter protagonismo na transição energética para que ocorra de forma justa e sustentável e com geração de empregos e renda para o povo brasileiro. Por isso, a comitiva dos petroleiros ressaltou a urgência da Petrobrás voltar a ser uma empresa integrada e retomar papel central no setor de fertilizantes e petroquímico.
“O ministro se mostrou bastante receptivo, concordando que é muito importante a utilização do gás para produção de fertilizantes e que isso precisa ser feito o mais rápido possível. Ele se colocou à disposição para novas reuniões e enfatizou que está aberto a um processo permanente de interlocução com as organizações sindicais”, ressaltou o diretor da FUP, Gerson Castellano.
Refinarias
Outro ponto tratado com o ministro foi o fortalecimento do parque de refino da Petrobrás e a suspensão imediata das vendas de ativos. O coordenador do Sindipetro Amazonas, Marcus Ribeiro, relatou a situação da Refinaria de Manaus (Reman), que foi vendida de forma irregular para a distribuidora Atem, no final de 2022, ao apagar das luzes do antigo governo. O ministro se comprometeu a analisar atentamente o caso.
O diretor da FUP e presidente da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), Mário Dal Zot, destacou “a importância estratégica da manutenção do parque de refino brasileiro na mão do Estado” e reiterou que “a tentativa de ataque às refinarias da Petrobrás pelos terroristas que estão agindo contra a democracia, fato que está sendo repelido pelos petroleiros de todo Brasil” endossam a importância estratégica dessas unidades.
A FUP também solicitou ao ministro Alexandre Silveira que interceda em relação à questionável decisão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do dia 15 de dezembro de paralisar todas as atividades de 37 campos de produção terrestre da Petrobrás na Bahia. A decisão teve impacto sobre 4.500 trabalhadores e provou perda de receitas em vários municípios.
A FUP reivindicou que o ministro busque junto à ANP a discussão de um Termo de Ajustamento de Conduta que viabilize a continuidade da manutenção desses campos e uma possível retomada da operação.
Já na terça-feira, os dirigentes tiveram uma reunião com o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e a Procuradora-Geral Federal, Adriana Venturini. No encontro solicitaram que a AGU dê atenção especial ao julgamento da Reclamação Constitucional 42576, no Supremo Tribunal Federal (STF).
A ação se refere à tentativa da Petrobrás em burlar decisão, da própria Corte, que proíbe a venda de ativos da estatal sem autorização do Congresso Nacional e o devido processo licitatório.
Os dirigentes explicaram ao ministro Jorge Messias que, como o STF autorizou a venda de subsidiárias sem a autorização legislativa, a gestão da Petrobrás vinha fatiando a empresa para vender as unidades, capitalizando-as como subsidiárias, após a venda estar concretizada. Essa manobra foi feita com a SIX, a Rlam e a Reman.
Na reunião, os dirigentes da FUP citaram ainda diversos exemplos de vendas de ativos da Petrobras com valores defasados, com benefícios duvidáveis aos compradores, como arrendamento ou aluguel contratado por diversos anos de equipamentos necessários à Petrobrás e que foram vendidos por gestores no governo Bolsonaro.
De acordo com Mário Dal Zot, o ministro se mostrou receptivo e “se colocou à disposição para ajudar na pautas”, além de afirmar que estará atento a tudo que possa impactar os órgãos do governo.
“Nos foi sugerido que, assim que tivermos acesso à integralidade dos contratos de venda dos ativos da Petrobrás, recomendarmos a abertura de uma comissão interna para que a nova gestão da companhia apure responsabilidades e desvios que possam ter ocorrido”, ressaltou Dal Zot.
Leia mais: FUP relata à AGU irregularidades nas vendas de ativos da Petrobrás
Além dos diretores da FUP, Gerson Castellano, e Mário Dal Zot e do coordenador do Sindipetro AM, Marcus Ribeiro, participaram da reuniões o diretor da CUT e do Sindipetro PR/SC, Roni Barbosa, o diretor do Sindiquímica Paraná, Santiago Santos, além de assessores da FUP e do Ministério.
Com informações da FUP