Onda de greves varre a Alemanha
O país que exige sacrifícios fiscais dos vizinhos enfrenta oposição à cartilha neoliberal
Publicado: 23 Junho, 2015 - 16h36
Escrito por: Carta Maior
Ao longo das últimas semanas, os sites de agências de notícias alemãs vêm publicando manchetes sensacionalistas como "Willkommen, Streikrepublik Deutschland" (Bem-vinda, República alemã da greve). O Süddeutsche Zeitung, o maior jornal diário da Alemanha, noticiou na capa o aumento vertiginoso na adesão sindical no país. E o The Guardian de Londres fez questão de publicar um artigo do famoso sociólogo alemão Wolfgang Streeck intitulado "As greves que varrem a Alemanha vieram para ficar".
Mas o que exatamente está acontecendo na Alemanha?
Em resumo, trata-se da maior onda de greves em décadas: apenas este ano, mais de 350.000 dias de trabalho foram perdidos em greves. Esse número foi de apenas 156.000 em todo o ano passado; em 2010, foram 28.000 dias.
Pilotos de avião, condutores de trem, trabalhadores dos correios, professores de pré-escola e enfermeiros, apenas para citar alguns, fizeram greve ou fazem neste momento. O movimento representa a maior ameaça ao modelo econômico alemão desde os protestos contra as reformas Hartz IV – que liberalizaram os mercados de trabalho – mais de dez anos atrás.
Durante gerações, os sindicatos alemães não se destacaram exatamente por sua militância. Entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, enquanto o Reino Unido, a Itália e a França foram palco de ferozes conflitos industriais, a Alemanha viveu relativa calma. No modelo corporativista e de "parceria social" alemão, o destino dos trabalhadores estava claramente ligado à economia de exportação do país, e os sindicatos subordinavam seus interesses aos da empresa.
Por algumas razões, o modelo tem funcionado na Alemanha. A taxa de produtividade do país é muito alta, e os produtos para exportação mantêm-se relativamente baratos no exterior. Trabalhadores têm garantidos alguns direitos democráticos através da política de co-determinação, o que lhes permite eleger representantes para os conselhos de trabalhadores das empresas. E a taxa de sindicalização continua muito mais alta do que nos Estados Unidos, por exemplo.
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