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Oito dias de agonia na construção

Acidentes de trabalho se multiplicam com terceirizações e desrespeito às leis trabalhistas

Publicado: 22 Agosto, 2008 - 11h55

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Lesão, mutilação e morteLesão, mutilação e morteUm levantamento rápido, com notícias colhidas entre a quarta-feira (13 de agosto) e a quinta-feira (21) dá uma pequena dimensão da gravidade dos acidentes de trabalho na construção civil, que continuam se multiplicando, diante das péssimas condições de trabalho nos canteiros de obras, embaladas pela ganância de empreiteiros, terceirizações, desrespeito à legislação trabalhista e fiscalização ineficiente.
 
A Confederação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom/CUT) tem reiterado em suas negociações com os governos (federal, estaduais e municipais) e com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção medidas para pôr fim ao atual descalabro. "Defendemos a necessidade de maior rigor na fiscalização e ampliação do valor das multas, além de garantir que os maus empresários sejam responsabilizados criminalmente pelo resultado do seu descaso, da falta de condições mínimas de segurança no ambiente de trabalho. Basta de mortes!", afirmou Waldemar de Oliveira, presidente da Conticom.
 
Na capital paranaense, no dia 13, em obra de responsabilidade da Construtora San Remo, uma funcionária contratada há mais de trinta dias, mas ainda sem registro na carteira profissional - o que caracteriza desrespeito à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) - caiu de uma escada e sofreu escoriações. Ciente de sua irregularidade com a trabalhadora, a empreiteira a encaminhou para uma clínica particular a fim de burlar a emissão da CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho).
 
O Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Curitiba e Região Metropolitana (Sintracon) interveio no caso. A San Remo, por sua vez, se comprometeu a registrar a funcionária e a emitir a CAT. Segundo Domingos de Oliveira Davide, presidente do Sintracon e da executiva da Conticom/CUT, as medidas legais serão tomadas para proteger a trabalhadora e garantir seus direitos.
 



NATAL-RN - Um trabalhador da obra do edifício Living Garden morreu soterrado no dia 20 de agosto, por volta das 14h30. José Ivanilson da Silva, 26 anos, estava numa escavação de aproximadamente 3,5 metros quando um dos lados cedeu, não dando tempo do operário escapar. O funcionário morreu na hora. O Living Garden é um lançamento da Construtora Colméia. A Superintendência Regional do Trabalho (SRT) embargou a construção. Junto com a vítima do acidente de trabalho estavam mais três colegas, que conseguiram fugir quando o solo de um dos lados começou a se mover. O desabamento de um dos lados do buraco, segundo uma observadora, teria sido causado pelo funcionamento de um trator hidráulico que estava ao lado da escavação. Ao funcionar, o pequeno trecho de terra ao lado tremeu e a areia caiu. Enquanto o Corpo de Bombeiros resgatava o corpo, cerca de 25 a 30 funcionários da obra observavam a ação de uma barreira que não tinha nenhuma proteção (contenção ou amparo). O funcionário prestava serviços para uma sub-empreiteira, a Rolim Construções, que é contratada pela Colméia. O Living Garden será um prédio de luxo e começou a ser vendido no ano passado, é projetado para ter 3 torres e 36 pavimentos. O terreno ocupa uma área de 11.872 metros quadrados.
 

 
NOVO HAMBURGO - O desabamento de parte de um prédio em construção no final da manhã de quinta-feira (21), em Novo Hamburgo /RS, deixou pelo menos três pessoas mortas, segundo informações preliminares da Defesa Civil. O perito do Instituto Geral de Perícia, Fernando Camalier, confirmou a morte de três pessoas por soterramento, mas não descartou a constatação de outras vítimas após a retirada das vigas. O prédio, que abrigaria um complexo esportivo, estava sendo erguido na esquina das Ruas Bento Gonçalves com Jahu, no centro de Novo Hamburgo. A obra já tinha três andares e os operários, que estavam almoçando no momento do desabamento, trabalhavam na construção do quarto piso. A Brigada Militar isolou o local, pois ainda há riscos de novos desabamentos.
 


Com informações do Sintracon de Curitiba-PR, Diário de Natal-RN, Zero Hora-RS