No Dia da Consciência Negra, Marcha Zumbi Dandara volta às ruas de Porto Alegre
Dandara, além de esposa de Zumbi e mãe de 3 filhos, lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil
Publicado: 18 Novembro, 2021 - 09h33 | Última modificação: 20 Novembro, 2021 - 09h33
Escrito por: CUT RS
No Dia Nacional da Consciência Negra, que será celebrado no próximo sábado, 20 de novembro, a Marcha Independente Zumbi Dandara voltará outra vez às ruas de Porto Alegre. A concentração terá início às 15h30, no Largo Glênio Peres, e a caminhada seguirá até o Largo Zumbi dos Palmares.
No ano passado, a manifestação foi suspensa por causa da pandemia, mas será retomada este ano diante do avanço da vacinação contra a Covid-19, porém mantendo a orientação do uso de máscaras e álcool gel, além do distanciamento.
Organizada pelo movimento negro e de combate ao racismo, com o apoio da CUT-RS, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, a mobilização também está sendo convocada com o mote #Fora Bolsonaro Racista.
A unificação das lutas neste ato #20NForaBolsonaroRacista, que tem também pautas como a geração de emprego decente, pelo fim da fome e da miséria e contra a política econômica do governo Bolsonaro foi consenso entre as entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e as que organizam, já há alguns anos, os atos de 20 de novembro, como a Coalizão Negra por Direitos.
Dia de luta contra genocídio da população negra
A secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia, afirma que “é preciso denunciar neste dia de luta o genocídio da população negra no Brasil, mais afetada pelas altas taxas de mortalidade por Covid-19 do que a não preta”.
Ela salienta que o povo negro sofre com o racismo estrutural na sociedade e com os ataques sem cessar do governo Bolsonaro aos direitos da classe trabalhadora e aos serviços públicos.
“O desemprego, a fome, a miséria e a violência estão principalmente nas periferias, onde a maioria da população é negra, discriminada, excluída e historicamente com menos oportunidades e direitos na sociedade”, ressalta Isis.
#ForaBolsonaroRacista
O dia 20 – #ForaBolsonaroRacista marca a luta de Zumbi dos Palmares, que tinha como objetivo construir uma sociedade onde as mulheres e os homens da raça negra tivessem as mesmas oportunidades. “Ninguém nasceu para ser escravizado por causa da cor da pele”, saliente Isis. O movimento negro tem esse objetivo – quer uma sociedade com oportunidades, salários, condições e acessos.
“Vamos tomar as ruas e as redes sociais para dizer ‘chega desse presidente racista e impeachment já’. Por isso, o dia 20 será um dia de luta do povo negro e pelo ‘Fora, Bolsonaro’, que é o que há de pior na política, um homem que menospreza a vida de homens negros e mulheres negras, a democracia e a soberania nacional”, ressalta a dirigente da CUT-RS.
Quem foi Zumbi e Dandara
Zumbi dos Palmares é um dos grandes nomes da história do Brasil. Ele foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior e mais longevo quilombo da história de nosso país, ocupou territórios que hoje correspondem aos estados de Alagoas e Pernambuco.
Ele assumiu a liderança do quilombo, em 1678, e resistiu, durante quase 20 anos, contra as investidas dos portugueses. Foi morto no dia 20 de novembro de 1695. Zumbi é hoje um dos grandes símbolos de resistência e luta do povo negro contra o racismo estrutural na sociedade brasileira.
Dandara, além de esposa de Zumbi e mãe de 3 filhos, lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil. Liderava mulheres e homens, também tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres.
Por causa dessa marca de luta contra o machismo, Dandara não é reconhecida e pouco estudada. Ela suicidou-se (jogou-se de uma pedreira ao abismo) depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não retornar à condição de escrava.
“Zumbi e Dandara vivem no sonho, na luta e na esperança da população negra, que não se cansa de lutar por liberdade, contra as discriminações e por uma vida com oportunidades, justiça e dignidade”, conclui Isis.