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Nacionalização garante soberania à Bolívia e dignidade a seu povo

Publicado: 10 Julho, 2008 - 11h21

A diretora geral do Ministério das Recuperações Estatais na Bolívia, Leny Erika Chávez Barrancos, afirma que a retomada do patrimônio público, com as recentes nacionalizações, "garantem soberania ao país e dignidade para o povo boliviano, com os recursos que geram nossas empresas investidos no desenvolvimento do país". Leia abaixo a íntegra da entrevista concedida na sede do Ministério, em La Paz.

O presidente Evo criou um Ministério para recuperar as Estatais, por intermédio do qual tem sido sustentadas as nacionalizações. Qual o significado desta medida?

A partir da época do Consenso de Washington se definiram políticas neoliberais para toda a América do Sul, e a Bolívia foi um dos países mais afetados. Assim, o Estado foi privatizado e desnacionalizado, deixando de dar atenção à população, que ficou abandonada. Nossa compreensão é que os serviços públicos são obrigação do Estado e que, portanto, são necessárias avaliações sobre os diferentes processos de alienação de patrimônios, de forma que, respeitando direitos, façamos uma recuperação justa. As nacionalizações garantem soberania ao país e dignidade para o povo boliviano.

Recuperar o Estado com justiça social.

A realidade é que o esvaziamento do Estado empobreceu ainda mais a população, ampliando a desigualdade social enquanto grupos de famílias se enriqueciam e grupos de poder manipulavam o governo. O que o presidente Evo Morales pretende é o fortalecimento econômico do Estado para conseguir uma melhor distribuição da riqueza. Este é o sentido do processo de nacionalização e recuperação dos recursos naturais e das empresas estratégicas.

Esta é a função do seu Ministério?

Exatamente. Vimos que era necessário dotar o governo nacional de uma entidade específica e especializada que se ocupasse da defesa legal do Estado boliviano nas controvérsias sobre investimentos, no âmbito nacional e internacional, que nos amparasse e atendesse de forma oportuna e eficiente.

Há muito trabalho então pela frente.

Claro que sim. Os neoliberais e privatistas venderam as principais empresas nacionais. Inicialmente, por meio da capitalização, que a lei lhes possibilitava, transferindo para as empresas privadas, multinacionais, até 49% das ações. Mas foram além e entregaram um percentual ainda maior. Houve um momento em que o Estado boliviano perdeu completamente o controle das suas empresas estratégicas, como a de hidrocarbonetos e de comunicação. Da mesma forma, nossa empresa aérea, o Lloyd Aéreo Boliviano.

Estancar a sangria ao estrangeiro.

Nosso entendimento é que os recursos que geram nossas empresas devem ser investidos no desenvolvimento do país, como estamos fazendo por exemplo com o controle do gás e do petróleo, com a YPB (Yacimientos Petrolíferos Bolivianos) e na mina de estanho de Huanuni, próxima a Oruro, que emprega mais de quatro mil operários. Este é o nosso compromisso.