Multinacional Laureate abocanha mais uma...
Para ampliar lucros, monopólios da educação demitem mestres e doutores, reduzem a carga horária e instituem aulas à distância
Publicado: 10 Julho, 2012 - 21h26
Escrito por: Hora do Povo
O grupo norte-americano Laureate, açambarcou mais uma instituição de ensino brasileira. A escola de negócios Cedepe, do Recife, que acabou de obter autorização do MEC para oferecer cursos de graduação, foi a 11ª aquisição realizada pela empresa, que já possui 126 mil alunos matriculados no país.
Os três maiores grupos de capital multinacional no país já ultrapassam a marca das 800 mil matrículas.
A multinacional foi uma das primeiras a adquirir instituições de ensino brasileiras, dando início ao processo de desnacionalização do ensino superior do país. A Laureate é dona da Universidade Anhembi Morumbi, BSP – Business School São Paulo, Centro Universitário IBMR; ESADE – Escola Superior de Administração, Direito e Economia; Centro Universitário do Norte (Uninorte), Universidade Salvador (Unifacs), Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Universidade Potiguar (UnP); Faculdade dos Guararapes (FG), e Faculdade Unida da Paraíba (UNPB).
Estima-se que o grupo já tenha desembolsado U$ 1,1 bilhão na compra de instituições.
O Cedepe “está inserido em um mercado com grande potencial e já no próximo ano teremos curso de administração”, comentou José Roberto Loureiro, vice-presidente de operações da Laureate Brasil. O curso de administração é um dos principais oferecidos pelas instituições do grupo, principalmente devido ao seu baixo valor de investimento e manutenção. Na realidade, para a implantação de um curso de administração nos padrões das múltis, não é necessário nada além uma sala de aula e talvez, uma televisão. Ou seja, investimento baixíssimo para formações de qualidade questionável e que remetem grandes lucros para fora do país.
Além disso, segundo afirmou o jornal Valor, o grupo acaba de desembolsar R$ 39 milhões na compra de um terreno em Salvador (BA) para a construção de um novo campus universitário.
Os executivos da Laureate não escondem a intenção de ampliar ainda mais a sua participação no “mercado educacional” brasileiro. Seu foco é ampliar o número de matrículas no Norte e Nordeste do país, já que no Sudeste a concorrência é mais acirrada.
“A concorrência acirrada no Sudeste fez os preços caírem muito. Agora em alguns Estados do Nordeste a mensalidade já é maior”, afirmou Ryon Braga, sócio da consultoria Hoper, em entrevista ao Valor. Em São Paulo, por exemplo, o valor mediano das mensalidades no ensino superior neste ano é R$ 508, ante R$ 520 na Bahia, segundo dados da Hoper.
A taxa de crescimento no volume de matrículas no ensino superior no Nordeste também ficou acima da média nacional e paulista, entre 2009 e 2010. Foi de quase 8%, enquanto no Brasil todo ficou em 1,6% e no Estado de São Paulo, em 0,6%, de acordo com dados da Assessoria Econômica do Semesp, sindicato que reúne as faculdades privadas do Estado de São Paulo.
O grupo Laureate não é o único a expandir a aquisição de instituições de ensino no Brasil. No começo do ano, o grupo Anhanguera Educacional Participações S/A, empresa de capital aberto, cujas ações são geridas pelo Citigroup, abocanhou uma série de instituições na Grande São Paulo, com as aquisições, a Anhanguera ultrapassou os 400 mil estudantes. Algumas notícias afirmam que o grupo chegou à 700 mil matrículas.
Só no ABC Paulista a empresa adquiriu a Faenac, em São Caetano, a Anchieta e a Uniban, em São Bernardo, a UniA e a UniABC, em Santo André. Além da Universidade Bandeirante de São Paulo – Uniban, que possuía mais de 50 mil alunos, na época da aquisição.
O mesmo ocorre com o grupo Estácio de Sá, do GP Investments, que abocanhou universidades em todo o país, dentre elas: a FIC (Ceará), FIR (Pernambuco), Uniradial (São Paulo). Hoje, tem mais de 330 mil matrículas.
EAD
A estratégia destes conglomerados após adquirir estas instituições é sempre a mesma: reduzir os custos, demitindo professores, fechando unidades, superlotando as salas e principalmente, implantando as aulas de Ensino à Distância (EAD).
Para implantar o sistema EAD numa instituição recém adquirida, o Grupo Anhanguera promoveu um verdadeiro ataque à educação com a demissão em massa de professores mestres e doutores.
Só em São Paulo foram mais de 1.500 professores em diversas regiões do estado. O maior número de demissões ocorreu na Uniban, universidade com mais de 50 mil alunos, adquirida em setembro do ano passado pelo grupo por R$ 510 milhões. Das demissões, 80% são mestres e doutores, que serão substituídos por graduados e especialistas, rebaixando os salários dos professores, reduzindo a qualidade do ensino e, obviamente, aumentando o lucro da empresa.