Morre Pepe Mujica, o revolucionário do sul do mundo
Ex-presidente do Uruguai deixa legado de defesa da igualdade social, direitos trabalhistas e democracia. Símbolo de humildade, Mujica foi um líder único, reconhecido em todo o mundo
Publicado: 13 Maio, 2025 - 16h31 | Última modificação: 13 Maio, 2025 - 17h03
Escrito por: Redação CUT

O mundo perdeu hoje um de seus maiores ícones da política, o ex-presidente uruguaio, José Mujica. Perda irreparável, a morte de Pepe, como ficou conhecido, causou comoção em toda a América Latina, por ter sido uma figura ímpar, exemplo de humildade e simplicidade.
A CUT manifesta pesar pela morte de Mujica, a quem a Central sempre dedicou total respeito e teve como referência para a suas lutas. A Central teve a honra de, por diversas vezes, contar com a presença de Pepe em atividades, entre elas o 12° Concut em 2015.

O revolucionário do sul do mundo
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, lembrou a participação de Mujica no Congresso da CUT.
“Eu acho que Pepe é exatamente isso, um revolucionário do sul do mundo, porque é o cara que conseguiu conectar as questões da luta de classes com a defesa do planeta e com a defesa das pessoas, especialmente as mais vulneráveis. Aliás, Pepe Mujica foi é e sempre será o maior revolucionário que o sul do mundo já conseguiu produzir”, disse o dirigente.
Sempre em luta
Mujica, 89 anos, lutava contra um câncer de esôfago que se espalhou pelo corpo. A família preferiu privacidade em seus últimos momentos para garantir que ele vivesse da melhor maneira possível.
Conhecido como "El Presidente Más Pobre del Mundo" (o presidente mais pobre do mundo), Mujica não foi apenas um político progressista. Com as condutas e ações mais simples, revolucionou a sociedade uruguaia e conquistou o respeito global pela forma como lidou com o poder – com humildade, coerência e um profundo compromisso com a justiça social.
Mujica governou o Uruguai de 2010 a 2015 rejeitando os privilégios do cargo. Ele doava 90% do seu salário para programas e causas sociais, vivia em uma modesta fazenda, cultivando flores e dirigia seu automóvel, um Fusca velho.
Em sua trajetória, a vida de luta que começou cedo. Ele nasceu em 1935, em Montevidéu, descendente de bascos e de italianos. Na juventude, participou do movimento estudantil, entrou para a política aos 20 anos, militando pelo Partido Nacional.
Nos anos 1960, tornou-se membro do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, que lutava contra o governo opressor de Jorge Pacheco Areco. Mujica chegou a ser preso quatro vezes.
Seu lema era claro: "Não é pobre quem tem pouco, mas quem precisa muito." Essa filosofia desafiou o consumismo e inspirou milhões a repensarem o verdadeiro sentido da riqueza.
Um presidente do povo
A gestão de Mujica no Uruguai deixou marcaras positivas profundas – transformações sociais que são exemplo para o mundo.
Entre elas, destacam-se a aprovação do casamento igualitário e o aborto seguro, garantindo direitos fundamentais, a redução da pobreza com políticas de inclusão e valorização do trabalho e o combate ao narcotráfico de forma pragmática, legalizando a maconha.
Sua ligação com os trabalhadores era visceral. Defendia sindicatos como "trincheiras dos pobres". Em seus discursos, lembrava que "a luta não é por privilégios, mas por dignidade".
Entre as frases marcantes de Mujica estão:
"A felicidade está em amar o que você tem, não em ter o que ama."
"O desenvolvimento deve servir à felicidade humana, não ao lucro."
"O mundo será dos simples, ou não será."
Para a CUT , o maior legado que Mujica deixa é a integridade, a humildade e a capacidade de se colocar, verdadeiramente, em lugar de igualdade com o povo.
Pepe Mujica, presente!