Morre Mino Carta, criador de revistas históricas e voz contra o autoritarismo
Jornalista, foi fundador da Carta Capital. O presidente Lula escreveu nas redes sociais: Mino Carta “mostrou que imprensa livre e democracia andam de mãos dadas”
Publicado: 02 Setembro, 2025 - 13h14 | Última modificação: 02 Setembro, 2025 - 14h13
Escrito por: Redação CUT

O jornalista Mino Carta, fundador e diretor de redação da revista Carta Capital, morreu nesta terça-feira (2), em São Paulo, aos 91 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, onde passou as últimas duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O velório acontece a partir das 12h, no Cemitério São Paulo, em Pinheiros, zona oeste da capital.
Pioneirismo editorial
Nascido em Gênova, na Itália, Mino Carta foi responsável pela criação e direção de algumas das principais revistas do país: Quatro Rodas (1960), Veja (1968), Isto É (1976) e Carta Capital (1994). Também esteve à frente do Jornal da Tarde (1966), considerado inovador pelo formato gráfico e linguagem.
Durante a ditadura militar, Mino enfrentou pressões e censura, sobretudo após reportagens de Veja sobre tortura. E mesmo sem sucesso, o Jornal da República (1979), lançado durante a abertura política, é apontado como um marco da imprensa nacional.
Na literatura, publicou obras como Castelo de Âmbar (2000), A Sombra do Silêncio (2003) e A Vida de Mat (2016), em que mesclou memórias pessoais e reflexões filosóficas.
Carta Capital como realização
Em depoimentos recentes, Mino afirmou que sua maior conquista foi a própria Carta Capital, que completou 31 anos em 2025. A revista foi fundada com base em três princípios: fidelidade aos fatos, espírito crítico e fiscalização permanente do poder.
Amizade com Lula
O jornalista manteve relação próxima com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde 1978, quando publicou, na Isto É, a primeira grande entrevista com o então líder sindical do ABC paulista.
O presidente divulgou nota lamentando a morte do amigo e ressaltou o papel de Mino Carta na defesa da democracia:
“Ele fez história no jornalismo brasileiro: criou e dirigiu algumas de nossas principais revistas e mostrou que imprensa livre e democracia andam de mãos dadas”, escreveu Lula.
Segundo o Planalto, Lula deve comparecer ao velório em São Paulo.
Repercussão política
O vice-presidente Geraldo Alckmin também se manifestou nas redes sociais. “O Brasil perdeu hoje um de seus maiores jornalistas. Mino Carta dedicou toda sua vida à criação de publicações que fizeram história e deram voz à defesa dos valores democráticos. Que seu exemplo siga inspirando as novas gerações de jornalistas”, escreveu.