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Ministra das Mulheres pede endurecimento das leis em meio à alta dos feminicídios

Casos recentes, dados inéditos e a resposta da ministra Márcia Lopes revelam um país em alerta permanente

Publicado: 05 Dezembro, 2025 - 12h01 | Última modificação: 05 Dezembro, 2025 - 12h14

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Walber Pinto

© Joédson Alves/Agência Brasil
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O Brasil enfrenta uma onda de violência que expõe, de forma brutal, a vulnerabilidade das mulheres no país. Nas últimas semanas, casos de feminicídio registrados em diferentes estados, muitos deles com requintes de crueldade e ampla repercussão, reacenderam o debate sobre a eficácia das políticas públicas e a urgência de uma ação coordenada entre governo, estados e municípios.

A Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou que o endurecimento das leis, o fortalecimento do Ligue 180 e a inclusão de conteúdos sobre prevenção em escolas e universidades compõem a estratégia nacional para reduzir feminicídios e agressões contra a mulher.

“Não podemos, jamais, naturalizar essa situação, como parte da sociedade acaba fazendo ao longo dos anos. É inacreditável essa cultura, quase que incorporando a violência como um ato normal de uma relação, pelo machismo, pela misoginia, por tudo aquilo que a gente tem historicamente na sociedade.”

A ministra tem percorrido o Brasil para ampliar o diálogo com autoridades locais. Em apenas seis meses à frente da pasta, visitou 18 estados, com o objetivo de promover reuniões com governadores, prefeitos e lideranças comunitárias. A mobilização, segundo ela, é imprescindível para que o enfrentamento à violência seja completo e eficaz.

“Porque dialoga com as escolas, as unidades básicas de saúde, os Creas, as Câmaras de Vereadores. O município fala com as entidades, com as igrejas, e é isso que a gente precisa: entender que a violência contra a mulher é uma questão histórica, de muita responsabilidade de todos.”

Márcia Lopes destaca que a proteção às mulheres depende necessariamente da integração entre diferentes esferas do governo.

“Não há como executar a política de mulheres sem todos os ministérios em conjunto. E não só a estrutura do Governo do Brasil, mas a dos estados e municípios. Não há como atender as mulheres sem passar por todas as políticas públicas setoriais e intersetoriais.”

Maria da Penha

Entre os pilares dessa política nacional, a ministra cita a Lei Maria da Penha, referência internacional, e as Casas da Mulher Brasileira, espaços que oferecem atendimento especializado e acolhimento integrado às vítimas.

Denuncie no 180

Outro avanço central foi a reconstrução do Ligue 180, que hoje dispõe de novos canais de comunicação e maior capacidade de resposta.

Desde as melhorias implementadas em 2023, o serviço passou a receber denúncias também por WhatsApp — no número (61) 9610-0180 — com sigilo garantido e possibilidade de relatos anônimos ou feitos por terceiros.

Os números revelam a dimensão do problema e a relevância desse canal. Entre janeiro e outubro de 2025, o Ligue 180 registrou 877.197 atendimentos, média de quase 2.900 por dia. Do total:

  • 719.968 foram chamadas telefônicas,
  • 26.378 atendimentos pelo WhatsApp,
  • 130.827 por e-mail,
  • e 24 videochamadas em Libras.

Nesse período, foram contabilizadas 126.455 denúncias de violência contra mulheres — 66% feitas pela própria vítima, 21% de forma anônima e 13% por terceiros.

Avanço da violência

A escalada de feminicídios no Brasil não é apenas um problema de segurança pública, é um desafio social, histórico e estrutural que exige resposta imediata. Enquanto a violência avança, a articulação entre governo e sociedade torna-se a principal esperança para conter essa tragédia e garantir que nenhuma mulher tenha sua vida interrompida pela misoginia.