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Ministério reconhece agricultura familiar como categoria

Conquista é resultado da mobilização da CUT e de organizações do campo que realizam jornadas em Brasília

Publicado: 20 Maio, 2015 - 18h42

Escrito por: Luiz Carvalho e Maria Clara Godê

Fetraf-Maria Clara
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Representantes da Fetraf durante audiência com Manoel Dias

Em marcha, trabalhadores da Fetraf seguiram até a sede do Ministério do TrabalhoEm marcha, trabalhadores da Fetraf seguiram até a sede do Ministério do TrabalhoMinistro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, participa de mobilização da Contag nesta quarta (20), em BrasíliaMinistro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, participa de mobilização da Contag nesta quarta (20), em Brasília
Em encontro com Fetraf (Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar) e Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) nesta quarta-feira (20), o ministro do Trabalho, Manoel Dias, assumiu o compromisso de reconhecer a agricultura familiar como categoria profissional.

A reedição da portaria 326 do ministério, que trata de registro sindical, passa a valer a partir da publicação no Diário Oficial da União, que deve ocorrer nesta quinta (21).

A agricultura familiar é reconhecida pela Lei 11.326 como categoria geral, mas o termo não servia de base para a organização sindical.

A mudança atende a uma reivindicação histórica da CUT e das organizações do campo, conforme destaca a secretária de Comunicação e representante da Central no encontro com a Fetraf, Rosane Bertotti.

“Quem sai fortalecida é a organização sindical e a diversidade. A mudança na portaria possibilitará a organização em categorias diferenciadas, de assalariados rurais e agricultores familiares. Se não impedia a criação de sindicatos, porque isso é fruto da organização política, agora também perrmitirá que os agricultores e assalariados possam escolher quem os representa”, definiu.

Segundo o coordenador-geral da Fetraf, Marcos Rochinski, ao reconhecer no ambiente sindical a diferenciação entre assalariados rurais e agricultores familiares, a medida também abre espaço para a regularização de sindicatos e da própria federação.

“Ao longo do tempo, sempre defendemos que a categoria da agricultura familiar fosse além lei e pudéssemos ter também o reconhecimento como categoria profissional e consequentemente para o registro sindical. Essa conquistas é fruto da luta que a Fetraf tem travado nos últimos anos com a CUT e demonstra nossa capacidade de organização em defesa, ampliação e representação dos trabalhadores”, disse.

Secretário de administração e finanças da Contag, Aristides Santos, acredita que a mudança na 326 ajudará a definir com mais clareza o critério para criança de sindicatos e o reconhecimento dessas organizações. Porém, isso não será o suficiente para acabar com a fila de entidades no Ministério do Trabalho.

“Precisamos ter mais gente na pasta para fazer o trabalho burocrático, de análise, reconhecimento. Atrelada à legislação vigente, essa norma ajudará a agilizar o processo de reconhecimento tanto da agricultura familiar quanto de assalariados, porque ajudará a clarear as regras, mas é preciso mais trabalhadores”, ponderou.

Resultado da luta

A reedição da portaria é mais um resultado da luta da Fetraf e Contag, que nesta semana ocuparam Brasília para levar ao Executivo a pauta da agricultura familiar.

Na 11ª edição da Jornada de Lutas, encerrada nesta quarta (20), a federação levou 1.500 trabalhadores à capital federal e ocupou o Ministério da Fazenda. A pressão fez com que o ministro Joaquim Levy sentasse à mesa e assumisse o compromisso de não cortar recursos destinados a políticas públicas para a reforma agrária e agricultura familiar.

Já o 21º Grito Nacional da Terra Brasil (GTB), da Contag, que segue até o próximo dia 22, e acontecerá de forma conjunta em todo o Brasil, com pautas regionais.

Em âmbito nacional o GTB negocia com os ministérios, secretarias de Estado, Câmara de deputados federais e Senado para fazer a reforma agrária avançar, fortalecer a agricultura familiar e proteger os assalariados rurais.

No Congresso Nacional, aconteceu hoje o lançamento da Frente Parlamentar Mista da Agricultura Familiar.

“Apenas no Pará, de onde venho, são 250 mil famílias sem energia na área rural. Esse é um exemplo da defasagem que temos no campo e que o Grito da Terra, por meio da aglutinação de forças, pode ajudar a enfrentar. Além da luta em defesa da manutenção do investimento na área rural, no crédito habitacional para os famílias campesinas e políticas públicas para nosso povo. Não aceitaremos cortes na agricultura”, definiu a vice-presidente da CUT, Carmen Foro.

Rosane acrescenta ainda que a presença da Central nas mobilizações, seja junto ao Executivo e Legislativo nacional, seja nos estados por meio de sindicatos e federações, representa a importância da agricultura familiar e dos assalariados rurais para a organização cutista.

“No campo e na cidade atuamos em defesa de uma só ideia: o desenvolvimento sustentável com distribuição de renda e combate à desigualdade deve ser prioridade absoluta para o país.”