Militantes, simpatizantes e lideranças políticas e sociais levam apoio a Lula
O ex-presidente assiste ao julgamento do habeas corpus na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, cercado de amigos. Com voto de Fux, já são 5 a 1 contra o HC
Publicado: 04 Abril, 2018 - 18h58 | Última modificação: 04 Abril, 2018 - 21h08
Escrito por: Érica Aragão, Tatiana Melim e André Accarini

A movimentação de simpatizantes, militantes e apoiadores ao ex-presidente Lula não parou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, nessa quarta-feira (4), durante a votação do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), que teve início às 14h e não tem hora para acabar.
O ex-presidente foi condenado a nove anos e meio de prisão no processo do tríplex do Guarujá pelo juiz Sérgio Moro. E, em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que confirmou a sentença e ampliou a pena para 12 anos e um mês. Lula quer ter o direito de recorrer em liberdade a todas as instâncias da Justiça.
Lula é inocente” e “Lula é perseguido por Moro” é o que mais se ouve entre as lideranças políticas, sindicais e populares que estão chegando ao sindicato, passando pela sala onde Lula está assistindo o julgamento, no segundo andar do sindicato, ao lado da ex-presidenta Dilma Rousseff e dos governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel; do Acre, Tião Viana; e do Piauí, Wellington Dias, e o terceiro andar onde está a militância.
Tanto as lideranças como a militância foram levar solidariedade ao ex-presidente.
Entre as autoridades presentes na sede dos Metalúrgicos do ABC, estão os ex-ministros Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário ), Carlos Gabas (Previdência Social), o presidente do PT Estadual em São Paulo, Luiz Marinho (ex-ministro do Trabalho e da Previdência e ex-prefeito de São Bernardo do Campo e pré-candidato do partido ao governo do estado de São Paulo); Fernando Haddad (ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo) .
Até o placar estava em 3 a 1 contra a concessão do habeas corpus a Lula, havia no terceiro andar, uma mistura de tensão e esperança estampada nos rostos das centenas de pessoas que não tiram os olhos do telão que está transmitido o julgamento que vai definir se Lula pode ou não ficar em liberdade até o fim do processo em todas as instâncias.
A militância segue acompanhando o julgamento, ainda preocupada com o resultado.
A alegria dos representantes de diversos movimentos populares e sindicais presentes, veio apenas com o voto do ministro Gilmar Mendes, a favor do HC, que empatou o placar após o relator Edson Fachin votar contra.
Fachin negou a concessão do habeas corpus preventivo solicitado pela defesa de Lula a fim de impedir – até o esgotamento dos recursos em todas as instâncias da Justiça – a prisão do ex-presidente.
Gilmar foi o segundo a votar e discordou do relator. Em seu voto, Gilmar criticou a pressão feita pela mídia.
“Se essa mídia opressiva nos incomoda... É preciso dizer não a isso. Se as questões forem decididas na questão do par ou ímpar, (...) é melhor nos demitirmos e irmos para casa”.
O ministro Alexandre de Moraes surpreendeu negativamente ao votar contra dizendo coisas como “o princípio constitucional da presunção de inocência não tem valor absoluto e deve ser interpretado de forma relativa a outros princípios da Constituição Federal”.
A ducha de água fria veio com o voto da ministra Rosa Weber, considerado decisivo. Ela rejeitou o recurso de Lula e o placar ficou em 4 a 1, contra a liberdade do ex-presidente.
o ministro Luiz Fux também votou contra Lula. Agora, já são 5 a 1. Se os demais cinco ministros que ainda faltam votar mantiverem seu entendimento, o placar do julgamento deve ficar em 6 votos a 5 contra Lula. Mas, todos os ministros podem alterar seus votos até o final do julgamento.
Sindicalistas e militantes acompanham julgamento
Também acompanham a transmissão do julgamento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, dirigentes da CUT, como Vagner Freitas (presidente), Sérgio Nobre (secretário-Geral), Maria Faria (secretaria adjunta da secretaria-Geral), Roni Barbosa (secretário de Comunicação), Admirson Medeiros Jr. (secretário adjunto de Comunicação), Rosane Bertotti (secretária de Formação, Isabel Noronha, a Bebel, presidenta da Apeoesp, Juvândia Moreira (diretora executiva), José Celestino Lourenço (secretário de Cultura) e Júlio Turra (diretor executivo).
E a expectativa de que o STF conceda o habeas corpus preventivo ao ex-presidente Lula continua grande entre as lideranças, como confirmou a reportagem do Portal CUT.
Rosseto afirmou que o processo de criminalização e condenação de Lula foi marcado por irregularidades. “Todas as evidências da defesa do presidente Lula foram recusadas e a inexistência de provas, que deveriam ser fundamentais para qualquer condenação, jamais apareceram”.
A Secretária Nacional de Formação da CUT, Rosane Bertotti, completa: “defendemos Lula, porque ele é inocente e se ele é inocente pode ser candidato à presidente da República”
A integrante do Levante Popular da Juventude, Ingrid Morais, salienta que o principal interesse da burguesia é acabar com os direitos e com a soberania nacional. “Eles precisam tirar o ex-presidente Lula do caminho deles para legitimar o golpe”.
Representando os trabalhadores do ramo financeiro, Roberto Von Osten espera que a Constituição seja respeitada, que o Supremo conceda o habeas corpus que garante Lula livre, para que os trabalhadores “disputem o projeto de país democraticamente, nas urnas".
Para Gabas, é necessário retomar o funcionamento do país. “O Judiciário precisa julgar, o Legislativo legislar, com autonomia, e o Executivo tem que gerir o país e nada disso está funcionando”. Ele diz que o país precisa voltar a funcionar, retomar a esperança. “E essa esperança tem nome: Luiz Inácio Lula da Silva”;
Juvandia lembra que a elite brasileira sabe que o modelo liberal não passa nas urnas. “Eles têm que tirar lula da disputa para poder ter alguma chance de ganhar a eleição”.
Já Marinho, reforçou que o STF tem a obrigação de ser Corte suprema no país, julgar de acordo com a Constituição e corrigir o erro cometido em 2016, de permitir a prisão em segunda instância.
João Paulo Rodrigues diz que, caso não seja concedido o habeas corpus e a democracia não saia fortalecida, a luta vai continuar nas ruas e na Justiça para que Lula não seja preso e tenha o direito de sair candidato nas próximas eleições.
Natália Zermetta, do MTST, também promete resistência: “Se for mais um ataque à democracia, vai ter reação. Não vamos nos render nem ter medo”.
Confira os vídeos: