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Metroviários de Porto Alegre fazem greve e exigem que Trensurb não seja privatizada

Direção da empresa ainda é a mesma do governo Bolsonaro. Mobilização cobra do governo Lula que a Trensurb, empresa que controla o metrô da capital gaúcha saia da lista de privatizações

Publicado: 09 Maio, 2023 - 10h15 | Última modificação: 09 Maio, 2023 - 10h32

Escrito por: CUT-RS com informações do Sindimetrô-RS, Extra Classe e Sul21

Sindmetro-RS
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Em assembleia do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul, realizada no início da tarde desta segunda-feira (8), os trabalhadores e as trabalhadoras da Trensurb decidiram manter a paralisação iniciada durante a madrugada até o final do dia.

A direção da empresa ainda é a mesma do governo Bolsonaro e grevistas cobram do governo Lula que a Trensurb saia da lista de privatizações.

A retomada normal da operação dos trens ocorrerá nesta terça-feira (8). Contudo, a categoria permanece em estado de greve e uma nova paralisação foi convocada para o próximo dia 23 de maio.

A madrugada foi longa e a greve em defesa da Trensurb pública espantou o frio e a chuva. Os metroviários organizaram um piquete na entrada da empresa para convencer quem chegava ao trabalho a aderir ao movimento.

De acordo com o sindicato, a adesão dos trabalhadores à paralisação foi de 90% no setor das estações, 70% na operação de trens e 100% do setor da segurança.

Segundo a Trensurb, os trens estão operando, mas com intervalos mais espaçados, de 20 em 20 minutos. Em geral, nos horários de pico, os trens chegam a operar com intervalos de até 7 minutos.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, participou da assembleia, manifestando todo o apoio à paralisação dos metroviários contra o descumprimento do acordo coletivo e em defesa da permanência da Tensurb como empresa pública.

“Somos totalmente contrários à privatização da Trensurb, assim como não queremos a venda da Corsan e do DMAE, que também estão ameaçados, pois defendemos estatais e serviços públicos de qualidade para melhorar a vida de toda a população”, frisou Amarildo.

O movimento recebeu também o apoio de vários sindicatos, deputados e vereadores de Porto Alegre.

Greve não é abusiva

O vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), desembargador Ricardo Martins Costa, declarou, em decisão publicada nesta segunda-feira, que a paralisação dos metroviários da Trensurb não é abusiva.

Entre os motivos do protesto, os trabalhadores alegam que a empresa teria descumprido cláusula do acordo coletivo. 

Nos fundamentos da decisão, publicada em uma ação de dissídio coletivo envolvendo a Trensurb e os metroviários, o desembargador destacou que não houve paralisação completa do serviço de transporte, tendo sido respeitado o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.  

Mediação no TRT-4

A decisão foi publicada após uma audiência realizada pela manhã na sede do TRT-4, com representantes do sindicato e da empresa. Durante a mediação, foi informado que a paralisação parcial não inviabilizou o transporte público, com a manutenção da operação dos trens em espaçamento de 20 minutos. 

Na ocasião, o sindicato e a Trensurb também tomaram conhecimento de uma liminar proferida pelo desembargador Fabiano Beserra, determinando que a empresa deixe de aplicar reduções no percentual de adicional de periculosidade pago aos trabalhadores, até o trânsito em julgado do processo que tramita sobre o tema. 

Foi a segunda mediação sobre o tema realizada pelo TRT-4. A primeira ocorreu na tarde do último sábado (6).

O sindicato informou também que o acordo coletivo foi prorrogado, assegurando a manutenção dos direitos até que a nova direção da empresa seja nomeada. A Trensurb ainda está sob gestão bolsonarista.

Não à privatização

O presidente do Sindimetrô, Luis Henrique Chagas, ressaltou que a categoria seguirá na luta reivindicando a retirada da Trensurb da lista de privatizações do governo federal. Uma comissão deverá ser enviada a Brasília nas próximas semanas para pressionar parlamentares e autoridades, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

“Já estamos no quinto mês do governo Luiz Inácio Lula da Silva e os gestores da Transurb ainda são os mesmos indicados pelo Governo Jair Bolsonaro. Nossa data-base foi 1º de maio e para nossa surpresa, além do nosso acordo coletivo não estar sendo cumprido, a Trensurb permanece na lista de privatizações”, explicou o sindicalista.

A empresa foi inserida no famigerado Programa Nacional de Desestatização (PND) anunciado pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes, em 2020.

Conforme Chagas, os metroviários estão mobilizados há meses em contato direto com representantes do governo Lula e parlamentares para saber o futuro da Trensurb pública e ficaram muitas incertezas.

“Queremos uma posição do governo federal sobre retirada da Trensurb do rol de empresas a serem privatizadas. Como sabemos, houve um processo de sucateamento do metrô nos últimos governos e é preciso que haja uma reconstrução, para que se possa oferecer um serviço de qualidade para a população. O futuro do transporte público está em jogo”, alertou o presidente do Sindimetrô.