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Marcha LGBTQIA+ da CUT ocupa centro histórico de SP em ato inédito

Caminhada levou pautas da classe trabalhadora LGBTQIA+ às ruas de SP, entre elas, inclusão, saúde, aposentadoria e combate à informalidade estiveram no centro das falas

Publicado: 20 Junho, 2025 - 18h21 | Última modificação: 20 Junho, 2025 - 19h35

Escrito por: Walber Pinto e André Accarini

Roberto ParizottiRoberto Parizotti

Na tarde desta sexta-feira, 20 de junho, as ruas do centro histórico de São Paulo foram palco para a primeira Marcha Nacional da Classe Trabalhadora LGBTQIA+ da CUT com os temas “trabalho digno, geração de renda e em defesa da democracia”.

Organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) com apoio de sindicatos filiados, a marcha partiu da Praça Roosevelt e seguiu até o Theatro Municipal, como parte da agenda de atividades da CUT no Mês do Orgulho LGBTQIA+.

Centenas de trabalhadores e trabalhadoras participaram do ato para afirmar que não há justiça social sem inclusão da diversidade sexual e de gênero no mundo do trabalho e em políticas públicas.

O ato foi, ao mesmo tempo, manifestação política, encontro de gerações e uma celebração coletiva. Reuniu lideranças sindicais, militantes históricos, coletivos, além, claro, de trabalhadores e trabalhadoras que têm a consciência de que é preciso moldar o mercado de trabalho de forma atender as demandas urgentes por equidade, saúde, aposentadoria digna, enfrentamento à violência e combate à informalidade da população LGBTQIA+.

Atuação do movimento sindical

Para Walmir Siqueira, secretário nacional LGBTQIA+ da CUT, a marcha teve papel estratégico. “Todas as vezes que alguém vê a bandeira do seu sindicato em uma manifestação LGBTQIA+, essa pessoa sabe quem procurar. Sabe que tem apoio. Por isso, visibilidade não é só simbólica: ela é ferramenta de proteção, é política de cuidado.”

Ele destacou a importância de reafirmar que a luta LGBTQIA+ é também luta de classe. Nós, LGBTQIA+, somos parte do movimento sindical. Não estamos só sendo ‘apoiados’. Somos militantes, dirigentes, trabalhadores. Marchar com a CUT é mostrar que nossa luta está dentro da estrutura da classe trabalhadora.”

Mobilização inédita, a marcha foi considerada pelo dirigente um sucesso. “Não tínhamos a pretensão de que fosse uma marcha que movimentaria milhares de trabalhadores, mas sim um ato que desse início a uma série de atividade que virão”, disse.

Em pauta: ausência de políticas públicas e informalidade

A dificuldade de acesso a direitos básicos foi um dos temas mais abordados durante o ato. A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, apontou a informalidade como um dos maiores entraves à inclusão real.

“Cerca de 40% da classe trabalhadora está na informalidade, e a população LGBTQIA+ certamente compõe uma parte desproporcional desse número. Sem políticas públicas de educação, formação profissional, saúde e trabalho, seguimos sendo marginalizados”, disse a dirigente.

Ela também alertou para o papel do Congresso Nacional na condução ou bloqueio de avanços. “Temos que eleger quem esteja comprometido com a pauta da classe trabalhadora e da diversidade. O retrocesso não nasce do nada. Ele é construído quando escolhemos mal quem nos representa.”

Dino SantosDino Santos

Trabalho, saúde e aposentadoria: o futuro também é pauta LGBTQIA+

A marcha também colocou em pauta as desigualdades que atingem pessoas LGBTQIA+ ao longo da vida, inclusive no momento da aposentadoria.

“Durante décadas, poucas pessoas LGBTQIA+ sobreviveram para chegar à velhice. Agora, que estamos conseguindo viver mais, precisamos garantir que o Estado reconheça nossos direitos à aposentadoria, à saúde, ao cuidado na terceira idade”, disse Walmir, citando ações paradas no STF que tratam da previdência de pessoas trans.

“Como uma mulher trans vai se aposentar? Qual será o tempo de contribuição? O Estado precisa responder a essas perguntas”, destacou Walmir.

O tema da saúde integral também foi destaque, com críticas à falta de preparo dos serviços para atender as especificidades da população LGBTQIA+, especialmente pessoas trans e idosas.

Ocupação dos espaços públicos e combate à higienização social

O caráter simbólico da marcha foi reforçado pelo representante do Conselho Municipal LGBTQIA+ de São Paulo, Diego Miranda de Carvalho, que criticou a postura da gestão municipal na condução dos eventos:

“Não podemos aceitar que a Praça Roosevelt esteja fechada à população em plena Semana do Orgulho. Isso é higienização social. Se temos a maior parada LGBTQIA+ do planeta, precisamos garantir todos os direitos dessa comunidade, não só a festa”, disse.

Ele também ressaltou o papel dos conselhos, sindicatos e movimentos como espaços legítimos de construção de políticas públicas inclusivas ao citar, em vídeo gravado para as redes sociais da CUT, que é importante que os sindicatos “se debrucem sobre as Convenções Coletivas e diálogos com trabalhadores para a conquista de direitos.

Orgulho da diversidade

A artista e ativista Salete Campari, uma das figuras mais conhecidas da cena LGBTQIA+ de São Paulo, participou da marcha e também destacou o papel dos sindicatos nas causas LGBTQIA+

“Sindicato forte de verdade respeita a diversidade, não deixa escondido. Tem orgulho da sua diversidade. Coloca na rua, na avenida, no carro de som. E briga por salário digno, por saúde, por educação. Porque o que está faltando em São Paulo e no Brasil é trabalho decente para a diversidade!”, disse.

Sindicatos de diversas regiões do país marcaram presença na marcha, entre eles a Apeoesp, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Sindsep-SP, SindSaúde-SP, Afuse, Petroleiros de Campinas, Bancários do ABC, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Fetec-SP, entre outros. Veja imagens da marcha:

 

 

 
 
 
 
 
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