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Manifestações marcam 1º de maio em Cuba

Publicado: 04 Maio, 2007 - 10h37

Escrito por: Nas ruas, o sentimento do povo de reafirmar os valores do socialismo

 

“Liberdade é o direito que todo homem tem de ser honrado e a pensar e a falar sem hipocrisia. No mundo tem de haver uma certa quantidade de decoro, como certa quantidade de luz. Quando há muitos homens sem honra, há sempre outros que têm em si o decoro de muitos homens. Estes são os que se rebelam com força terrível contra os que roubam dos povos a sua liberdade, que é como roubar-lhes aos homens sua dignidade. Nestes homens vão milhares de homens, vai um povo inteiro, vai a dignidade humana”.

 

O texto acima, escrito por José Martí, o Tiradentes cubano, tem mais de cem anos, mas condensa com maestria ímpar o espírito que se vê e sente nas ruas da Havana nestas horas que seguem as comemorações do Primeiro de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.

Luci, a gentil camareira que nos arruma o quarto, começou o dia debatendo literatura latino-americana e falando com conhecimento de causa sobre o uruguaio Mário Benedetti, e a relação dos homens com a desarrumação das camas e a obsessão das mulheres por lençóis limpos. Valdés, que atende a recepção enquanto carrega as malas militantes – sempre excedentes, pesadas e cheias de cartazes, panfletos e jornais de partidos e movimentos sociais – em seu ágil carrinho, conta sobre sua filha médica que trabalha voluntariamente em Gana, e das dificuldades da África, e das vezes em que ela quase morreu prestando atendimento, diante do alastramento de febres e enfermidades pelo Continente. (Só para lembrar: Cuba tem hoje mais médicos prestando serviço voluntário pelo planeta que a própria Organização Mundial de Saúde).

Chegamos para participar do VI Encontro Hemisférico de Luta contra os Tratados de Livre Comércio e pela Integração dos Povos, iniciado nesta quinta-feira (3), mas o destino nos brindou a participação na Praça da Revolução, junto ao primeiro vice-presidente do Conselho de Estado e de Ministros, Raul Casto, do secretário geral da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), Salvador Valdés Mesa e de mais de meio milhão de cubanos do apoteótico desfile.

 

Com gigantescas faixas e cartazes contra Bush, vivas a Fidel, a Raul e à revolução, os cubanos tomaram as ruas de Havana, Santiago, Bayamo, Holguin, Santa Clara e fizeram ecoar por todo o país o clamor contra a política de terrorismo de estado norte-americano e pela libertação dos cinco heróis prisioneiros do império.

 

Na capital, mais de meio milhão de havaneros realizaram uma imponente manifestação, acompanhada por 1.645 representantes de 242 organizações de 74 países. A marcha exigiu respeito à Justiça e a imediata prisão de Luís Posada Carriles, criminoso responsável pelo assassinato de 73 pessoas em pleno vôo da Cubana de Aviación, em Barbados. A recente absurda libertação de Carriles pelo governo norte-americano, que mantêm presos há oito anos os heróis cubanos Fernando, René, Antonio, Gerardo e Ramón - por sua luta anti-terrorista - denunciaram os manifestantes, escancara o grau de degeneração e decomposição do imperialismo norte-americano.

 

“Expressamos aqui o sentimento unânime do nosso povo de reafirmar os valores do socialismo, sublinhando o espírito de justiça, solidariedade e humanidade e o compromisso nacionalista e internacionalista, pois Pátria é Humanidade”, sublinhou Salvador Valdés.

O dirigente da CTC resgatou o “compromisso dos trabalhadores cubanos com a construção de uma pátria livre e soberana, mantendo sempre em alto a moral socialista, com Cuba seguindo sendo um bastião de liberdade, patriotismo, altruísmo e firmeza”.

 

“A defesa e a consolidação do socialismo e da obra da Revolução, sustentadas em um maior trabalho político-ideológico, o aumento da produção, a produtividade, a eficiência, o aproveitamento da jornada e a elevação da disciplina, a economia de recursos, o melhoramento das condições de vida e de trabalho, são, entre outras, algumas das tarefas fundamentais que ocupam nosso tempo”, acrescentou Valdés.

 

Com participação destacada em toda a marcha, os jovens cubanos seguravam milhares de fotos de líderes históricos, com destaque para Che, Camilo e Mella, além do próprio Martí, de Fidel e Chávez, e entoaram palavras de ordem em favor da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), deram vivas à integração latino-americana, fizeram tremular as bandeiras da libertação nacional árabe, apoiando a luta iraquiana e palestina, e enfatizaram seu compromisso de construir um mundo com base em novos valores morais e éticos, salvando o planeta da fome, das guerras e da devastação ambiental.

 

Encerrando a manifestação, dezenas de milhares de crianças, os “pioneiros”, com seus uniformes escolares, ergueram girassóis, simbolizando mais do que a colheita, as sementes da liberdade que se fortalecem, garantindo a necessária continuidade e aperfeiçoamento do processo revolucionário.

 

Aos acordes da Internacional e de um coro de milhares de vozes, a multidão encerrou o ato, deixando conosco seu gigantismo de amor, confiança na Humanidade e na construção de um novo tempo de paz, justiça e fraternidade.