Israel acha “legal” matança de civis palestinos em Gaza
Presidente da CSI, João Felicio condena banho de sangue
Publicado: 16 Junho, 2015 - 15h00 | Última modificação: 17 Junho, 2015 - 12h40
Escrito por: João Antonio Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI)

O morticínio causado por 50 dias dos mais cruéis e covardes bombardeios contra civis palestinos na Faixa de Gaza no ano passado foi considerado “legal” e “legítimo” pelo governo de Israel. O comunicado oficial divulgado recentemente só faltou dizer que o ataque contra idosos, mulheres e crianças foi um gesto de caridade, profundamente humanitário. Na verdade, é claramente uma promessa de novos banhos de sangue sempre que os racistas considerarem necessário “educar” seus oponentes.
Conforme o governo israelense, os 2.200 palestinos mortos - entre eles mais de 500 crianças - e mais de dez mil feridos - inúmeros mutilados -, foram um efeito colateral da nobreza da sua política defensiva. Nada mais do que “infelizes efeitos indiretos de ações militares legítimas em zonas que abrigavam civis em seus arredores”. Por acaso os algozes não sabem que se trata de um enclave palestino de apenas 362 km²? Por acaso se esqueceram de que Gaza não dispõe da infraestrutura básica para seus 1,8 milhões de habitantes pois encontra-se à mercê do bom humor dos patrocinadores do apartheid até para a distribuição da eletricidade e de água?
A maioria dos episódios, sustentam os sionistas, “que podem ter parecido ataques indiscriminados contra civis, eram na verdade ofensivas legítimas contra objetos militares, que cultivavam aparência civil, mas respondiam às ordens de grupos terroristas”. Por algum acaso escolas, creches e hospitais podem ser considerados alvos militares? Ou as moradias que vieram abaixo, deixando quase 60 mil pessoas sem teto?
O objetivo de limpeza étnica está claro: “limpar” a região em função dos interesses dos colonos fundamentalistas e de um Estado segregacionista, os mais doentios entre os expoentes da política de vale-tudo por um pedaço de chão árabe.
O cinismo salta aos olhos quando o Exército israelense alega ter atacado somente “com certezas razoáveis” e que as regiões bombardeadas eram alvos militares. “Israel não agiu intencionalmente contra civis ou alvos civis”, diz o comunicado, no momento em que a comunidade internacional amplia a pressão para que o governo israelense seja julgado culpado pelos crimes de guerra cometidos.
Mais do que nunca, é hora de levantarmos a voz contra a impunidade e exigirmos justiça. Em nossa luta contra o terrorismo e pela paz, reafirmamos o direito dos dois povos a uma convivência harmoniosa, lado a lado, sem intervenção nem ocupação.