Isolamento e requisição de leitos privados serão medidas necessários, diz Padilha
Para Padilha, um aumento de internações e sem notificações de casos oficiais pela falta de testes, o poder público terá que ter novas orientações
Publicado: 15 Abril, 2020 - 12h05
Escrito por: Redação RBA

Os números da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) avançam no Brasil, apesar da falta de testes que acabam aumentando as subnotificações. O Ministério da Saúde contabiliza apenas os dados das internações e isso mostra o tamanho do problema.
Para o deputado federal (PT-SP), Alexandre Padilha, médico infectologista e ex-ministro da Saúde, a falta de preparo do país vai resultar num colapso no sistema de saúde. Segundo ele, com um aumento de internações e sem notificações de casos oficiais pela falta de testes, o poder público terá que ter novas orientações.
“A capacidade das enfermarias e dos leitos públicos será ultrapassada, então duas medidas são necessárias: os gestores públicos vão ter que requisitar os leitos privados, como a Espanha fez, e reforçar as medidas de isolamento social”, afirmou, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual.
O novo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (14) registrou 204 mortos nas últimas 24 horas, totalizando 1.532 óbitos em decorrência da covid-19. O número de casos saltou para 25.262.
Na avaliação de Padilha, a única possibilidade de o Brasil ter noção da progressão da pandemia e do grau de isolamento necessário hoje é o dado das internações por síndrome respiratória grave. “Um país que não se preparou para ter testagem em massa, abertura de novas UTIs e equipamentos de proteção aos trabalhadores só vai ter um remédio: a manutenção do isolamento social.”
Congresso Nacional
A Câmara dos Deputados aprovou, na última segunda-feira (13), o projeto de lei de recuperação fiscal dos estados e municípios. A matéria trata de compensação feita pela União para as unidades da federação que perderem arrecadação com ICMS e ISS durante a crise do coronavírus.
“O Congresso está fazendo o que o governo federal não tem feito. Estamos aprovando mais recursos para estados e municípios e mais R$ 2 bilhões para hospitais filantrópicos. Aprovamos também uma medida que permite aos governos municipais e estaduais ultrapassarem o teto fiscal que limita a contratação de profissionais de saúde neste ano”, explica o ex-ministro.
Padilha também critica a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para profissionais da saúde que atendem vítimas da covid-19. “Desde janeiro o Brasil já sabia o que era a epidemia de coronavírus e não se preparou. Os trabalhadores da saúde estão expostos, usando uma máscara no plantão inteiro. O Ministério da Saúde não comprou equipamentos, porque o governo menosprezou essa doença. Isso é um passo decisivo para o sistema de saúde entrar em colapso.”
Confira a entrevista: