Ipea: Renda e trabalho formal aumentam, apesar...
Publicado: 13 Maio, 2009 - 17h04
Escrito por: Ipea
O número médio de ocupados no primeiro trimestre de 2009 foi 1,4% maior que no mesmo período em 2008. Apesar do resultado positivo, há forte desaceleração do ritmo de crescimento desse indicador. Estas são algumas conclusões do Boletim de Mercado de Trabalho do Ipea, publicado nesta quarta-feira (13).
Ocupação e desemprego mostram sinais preocupantes do que pode ser uma possível reversão da tendência, que era de melhora acentuada. Mas, por outro lado, esta inversão não aparece no grau de informalidade e nem na remuneração, que registram níveis não só estáveis nesse primeiro trimestre de 2009, como também atingem as melhores marcas dos últimos anos.
A evolução da massa salarial do trabalho revela que a tendência do primeiro trimestre destoa dos anos anteriores pela inversão do ritmo de crescimento, iniciada em janeiro. Apesar da tendência de queda, a variação da média anual da massa salarial registra um resultado positivo (6,6%). Na comparação das médias trimestrais de 2009 e 2008, o rendimento médio da população ocupada aumentou 7,0% no setor público e 4,9% para os empregados com carteira de trabalho assinada.
Com relação à trajetória de aceleração na taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2009 que se intensifica no mês de março, São Paulo foi a única região com crescimento positivo (0,6 p.p.), frente aos resultados negativos das demais regiões.
Os pesquisadores analisaram também o nível de ocupação por posição na ocupação, a fim de mostrar a evolução do grau de informalidade do mercado de trabalho. Esse indicador apresenta uma redução de 1,3 p.p. na comparação do primeiro trimestre de 2009 com o mesmo período de 2008. Esse resultado é fruto tanto da expansão de 3,8% dos postos formais como contração de 1,9% do número de trabalhadores informais.
Além da melhora em relação ao ano passado, o grau de informalidade não apresenta nenhum sinal de piora ao longo do primeiro trimestre de 2009. Isto sugere que a reação das empresas à redução das perspectivas de crescimento tem se concentrado sobretudo no ajuste do nível de emprego, e não propriamente na substituição de vínculos formais por trabalho informal. Estas informações também podem estar refletindo mais flexibilidade no nível de emprego que nos salários: o valor nominal destes últimos é em geral rígido (especialmente para os empregados com carteira) e, na faixa próxima do salário mínimo, esteve ainda sujeito à elevação real de cerca de 12% a partir de fevereiro.
O boletim destaca ainda a heterogeneidade na evolução dos rendimentos por posição na ocupação, em particular naquelas categorias associadas a postos informais. Enquanto o conta-própria registra elevação de 12,3% nos seus rendimentos em relação ao ano passado, os empregados sem carteira assinada registram aumento de apenas 1,9%. A pesquisa aponta que o Rio de Janeiro (8,1%) e Belo Horizonte (6,3%) tiveram as maiores altas desse indicador, e Recife, por sua vez, o pior desempenho, com uma redução de 1,6 % nos rendimentos.
A desagregação dos dados por setor de atividade aponta que a queda no saldo total sofre grande influência da indústria de transformação, que apresenta o pior desempenho entre todos os setores de atividade no período em questão.
Em linhas gerais, o primeiro trimestre apresentou resultados satisfatórios no mercado de trabalho metropolitano, principalmente em relação aos temores a respeito do seu desempenho ao final do ano passado. É preocupante, entretanto, a indicação de desaquecimento da demanda, que já se traduziu em aumento da taxa de desemprego no mês de março. Embora esse efeito seja mais pronunciado em determinados setores e áreas geográficas, há evidências de que se trata de uma tendência ampla de redução do crescimento do emprego. Em função disso, não é possível descartar a possibilidade de que o mercado de trabalho venha a apresentar resultados menos expressivos no futuro imediato, passando a refletir, após um considerável intervalo de tempo, as adversidades no cenário macroeconômico.
Produzido pela Diretoria de Estudos Sociais, o Boletim de Mercado de Trabalho do Ipea é editado pelo pesquisador do Ipea Lauro Ramos e a equipe de pesquisadores do Ipea Carlos Henrique Leite Corseuil, Luiz Eduardo Ruckert Parreiras e Roberto Henrique Sieczkowski Gonzalez.