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Ipea reforça defesa do sistema de cotas...

Publicado: 04 Março, 2010 - 11h03

Escrito por: Agência STF

O diretor de Cooperação e Desenvolvimentodo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mário Lisboa Theodoro,afirmou nesta quarta-feira (3) que estudos do instituto indicam que adesigualdade racial no Brasil é persistente ao longo da História e que aspolíticas de cotas no ensino superior são hoje o “principal mecanismo deequalização” desse problema.


Ele foi um dos participantes do primeiro dia da audiência pública realizadapelo Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o sistema de cotas raciais emuniversidades públicas. A audiência vai subsidiar o julgamento de doisprocessos que contestam a utilização de critérios raciais para o acesso a vagasnas universidades públicas. O ministro Ricardo Lewandowski é o relator dasações e foi o responsável pela convocação da audiência pública.


Mário Lisboa afirmou que os estudos do instituto mostram de forma “contundente”a desigualdade racial no Brasil e que esse é um dos temas em que não hádissenso no IPEA, um órgão que apontou como plural, com mais de 300pesquisadores.


O diretor de Cooperação e Desenvolvimento do Ipea apresentou dados estatísticosdo instituto que apontam que há hoje no Brasil 571 mil crianças entre 7 a 14anos fora da escola. Dessas, 62% são negras. Outro dado mostra que umtrabalhador negro ganha em média metade do que um trabalhador branco ganha; queo percentual de negros abaixo da linha de indigência é duas vezes e meia maiordo que o percentual de branco (71% dos indigentes do país são negros) e que 70%dos pobres são negros.


“Isso tudo nos ressalta, principalmente, que há uma renitente estabilidadedessa desigualdade. As desigualdades raciais no Brasil não são apenasexpressivas e disseminadas, como também são persistentes ao longo do tempo”,afirmou, emendando que superar isso é o grande desafio do país.


Discriminação persiste

Para o pesquisador do IPEA, há um “racismoinstitucional” a ser vencido. Ele afirmou que, mesmo com a melhora do acesso aserviços públicos, a discriminação persiste. “A nossa desigualdade écentralizada pela questão racial, porque naturaliza a desigualdade”, disse, aoapontar a importância de políticas complementares às políticas universais deinclusão, como é o caso do sistema de cotas raciais (uma forma de ação afirmativa),como mecanismo fundamental para mudar essa realidade.


Mário Lisboa informou que, segundo dados do Ipea, o sistema de cotas paranegros em universidades públicas contemplou, até o momento, 52 mil estudantes.“São profissionais negros que vão disputar postos de trabalho em igualdade decondição com os outros profissionais. Hoje, pessoas negras têm mais portasfechadas do que a população de origem branca”, ressaltou.