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Intercept revela conluio entre Fux, Moro e Dallagnol

Para incriminar especialmente o ex-presidente Lula e durante meses até impedi-lo de dar entrevistas, ministro, juiz e procurador trocaram conversas via Telegram livre e impunemente

Publicado: 13 Junho, 2019 - 09h46 | Última modificação: 13 Junho, 2019 - 12h41

Escrito por: Redação CUT

PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS
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Além do ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e o procurador Deltan Dallagnol, o conluio da força-tarefa da Operação Lava Jato para incriminar especialmente o ex-presidente Lula e durante meses até impedi-lo de dar entrevistas, envolve também o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

A informação foi divulgada nesta quarta-feira (12) pelo editor executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, em conversa com o articulista Reinaldo Azevedo, da Rádio BandNews. O portal iniciou no último domingo (9) a publicação de uma série de reportagens mostrando conversas trocadas pelos procuradores e juízes por meio do Telegram.

No diálogo que envolve Fux, Dallagnol diz no grupo de procuradores que conversou com o ministro do Supremo mais uma vez, “em reservado, é claro”. E prossegue: “O ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori [Zavascki] fez queda de braço com Moro e se queimou, e que o tom da resposta de Moro foi ótimo”.

“Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs. Mas os sinais foram ótimos, falei da importância de nos protegermos como instituições, especialmente no novo governo”, completou Deltan Dallagnol

Na sequencia, o procurador encaminhou a mensagem para Moro, que respondeu: “Excelente, in Fux we trust” (“Fux a gente confia”).

Sobre Teori

Teori Zavascki, ministro do STF, foi o primeiro relator da Operação Lava Jato na Corte. Ele morreu em um acidente aéreo em 2017.

Em 2016, o ministro do Supremo repreendeu Moro por causa do vazamento dos grampos que gravaram conversas da ex-presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Na época, Moro respondeu que não quis causar conflitos, pediu "respeitosas escusas" e ficou por isso mesmo.

Além disso, Teori havia retirado temporariamente da Justiça Federal no Paraná o comando de investigações sobre Lula. Meses depois, Moro reassumiu os casos.

Sobre Fux

Fux foi o ministro que barrou, no STF, a entrevista que o ex-presidente Lula concederia antes das eleições de 2018. Ele já chegou a dizer que Moro foi uma “excelente” escolha para o Ministério da Justiça, no ano passado. “Excelente nome. Imprimirá no Ministério da Justiça a sua marca indelével no combate à corrupção e na manutenção da higidez das nossas instituições democráticas, prestigiando a independência da PF, MP e Judiciário. A sua escolha foi a que a sociedade brasileira o faria se consultada. É um juiz símbolo da probidade e da competência. Escolha por genuína meritocracia”, disse.