III Congresso Operário da Construção...
Trabalhadores defendem mais fiscalização e punição exemplar para empresa assassina
Publicado: 22 Abril, 2009 - 18h19
Realizado de 17 a 19 de abril no Sesc de Aracruz, o III Congresso Operário da Construção de Vitória e Região mobilizou cerca de 200 trabalhadores de 12 cidades da base sindical, que debateram a organização classista, crise financeira internacional, saúde e segurança nos canteiros de obras, traçando o plano de lutas da entidade e os pontos da reforma do estatuto do Sindicato. Além da capital capixaba, estiveram presentes representantes eleitos nos canteiros de obras de Aracruz, João Neiva, Fundão, Serra, Vila Velha, Cariacica, Viana, Guarapari, Piuma e Anchieta
De acordo com o presidente do Sindicato da Construção de Vitória, Paulo César Borba Peres (Carioca), a unidade e a mobilização de tantas lideranças impactará positivamente a campanha salarial que começa. "Nossa data base é 1º de Maio, mas apesar dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento priorizarem a construção, que está aquecida, há patrões querendo endurecer. Como a categoria deixou claro, queremos 15% de reajuste salarial, plano de saúde, transporte gratuito e melhores condições de vida e trabalho, com mais atenção à saúde e a segurança nos canteiros de obras", declarou.
Carioca lembrou que na próxima terça-feira, 28 de abril, Dia Mundial em Memória às Vítimas dos Acidentes de Trabalho, os operários vão paralisar as obras de Vitória e Região para cobrar mais fiscalização e punição exemplar das empresas assassinas. "Na nossa base, somente neste ano, tivemos 11 mortes por soterramento e quedas. Por isso estamos cobrando do Estado a criação de uma Vara Específica para julgar os empresários responsáveis por estas firmas assassinas", frisou. Segundo Carioca, além das mortes, há mutilados e uma legião de lesionados. "O problema é que muitos patrões abafam os casos mais graves, levando benesses para o trabalhador em casa, o que acaba fugindo ao controle do Sindicato. Agora, quando há morte, não tem jeito de esconder", lembrou.
Presente ao evento, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira (Conticom), Waldemar Pires de Oliveira, parabenizou a diretoria do sindicato pelo evento, destacando a necessidade de novos encontros para discussão de ações voltadas para a categoria.
Waldemar mencionou ainda, alguns números da indústria da construção civil e chamou a categoria para reforçar a luta em um momento em que o setor é privilegiado com o programa de construção de moradias populares, com o PAC e incentivos fiscais. "Cadê a crise dos patrões? Somos nós que construímos tudo e continuamos morando nas favelas e encostas de morro. Neste momento de crescimento, nós queremos a nossa parte do bolo", frisou.
Responsável pela Delegacia Especializada em Acidente de Trabalho, Maria Sfalcini debateu com os delegados o perfil dos locais de trabalho, as lesões e o sofrimento dos trabalhadores vitimados. Ela apresentou o papel da Delegacia na apuração dos acidentes laborais, cujo dever é investigar se há imprudência, negligência ou imperícia no acidente de trabalho. Segundo Maria Sfalcini, as investigações realizadas pela delegacia podem resultar no indiciamento de gerentes, encarregados e outros integrantes da empresa - verificados como responsáveis pelo acidente.
Entre outros, se fizeram presentes ao evento integrantes do Governo do Estado, da Câmara dos Deputados, lideranças sindicais e da Câmara Municipal de Vila Velha.