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Grupo Herval vai fechar 17 lojas taQi no RS e culpa juros altos

Além dos juros altos, a nota oficial da Herval destacou também o pessimismo das famílias, o elevado endividamento e avanço das taxas de inadimplência

Publicado: 29 Maio, 2023 - 13h55 | Última modificação: 29 Maio, 2023 - 14h06

Escrito por: CUT-RS

Divulgação
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O grupo Herval, com forte atuação na indústria e sede em Dois Irmãos, no Vale dos Sinos, na região metropolitana de Porto Alegre, anunciou que vai fechar 17 filiais das Lojas taQi até o fim de maio no Rio Grande do Sul.

“As taxas de juros que dificultam e encarem o acesso ao crédito para consumidores e empresas” foram apontados entre os principais motivos para o enxugamento da rede. Quatro unidades estão localizadas na capital gaúcha, onde restará apenas a loja aberta na Avenida Assis Brasil.

Além dos juros altos, a nota oficial da Herval destacou também o pessimismo das famílias, o elevado endividamento e avanço das taxas de inadimplência, alegando que essa combinação de fatores afeta as vendas do varejo pós-pandemia, o que compromete os resultados.

Com o corte, a rede ficará com 73 unidades. No comunicado, o grupo diz ainda que fará o “possível para realocação” dos funcionários das filiais a serem desativadas em outros pontos de venda. Ainda não foram divulgadas quais unidades serão fechadas.

“Essa difícil decisão foi tomada, após criteriosa análise de resultados, rentabilidade e potencialidade dessas unidades, além do cenário macroeconômico desafiador que 2023 vem apresentando”, justifica o grupo.

A taQi é uma rede de lojas que foi criada em 1959 como um dos primeiros negócios do grupo Herval, que tem 7 mil funcionários e, além de taQi e iPlace, trabalha com outras 15 marcas que incluem serviços, como consórcios, seguros, construção e financeira.

Juros altos impactam comércio no estado e no país

Mais redes de lojas estão sofrendo os efeitos da conjuntura econômica, impactada pelos juros nas alturas. Três empresas gaúchas entraram em recuperação judicial em 2023. São elas: Rabusch e Lojas Aldo, de vestuário, e CRDiementz, de eletromóveis

"Todos sabem da dificuldade hoje do varejo. Isso tem efeito em cadeia para o ano. Minha percepção de varejista é que vem mais notícia de fechamento de lojas e corte de pessoas infelizmente", projetou o diretor executivo da Aldo, Bruno Marquetti de Araújo.

Conforme dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, as vendas do varejo restrito no Rio Grande do Sul cresceram 1,9% em março em relação a fevereiro e 2,9% em comparação a março de 2022.

Já o varejo ampliado, onde atua a rede TaQi, teve queda de 4% entre fevereiro e março, e elevação de 3,4% frente a março de 2022.      

No cenário nacional, marcas bem conhecidas atravessam dificuldades, como Americanas, por uma dívida bilionária, Tok&Stok, que fechou quase 20 lojas no país, e livraria Saraiva, que encerrou as duas unidades na capital gaúcha.

A rede varejista Marisa anunciou que vai fechar 91 das suas 334 lojas no país como parte de um plano de recuperação da geração de caixa e rentabilidade da empresa.

Taxa Selic precisa ser reduzida pelo Banco Central

Segundo presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, a maioria do povo brasileiro está sofrendo com a atual política econômica por causa da maior taxa de juros do mundo, definida não pelo governo Lula, mas pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nomeado pelo governo Bolsonaro com mandato até 31 de dezembro de 2024.

Apesar da pressão do presidente Lula e dos protestos do movimento sindical, a taxa Selic está sendo mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

“O país está sendo penalizado pela irresponsabilidade desta política de juros altos, o que prejudica o consumo e a produção, retirando da economia os recursos que deveriam financiar os investimentos e a geração de emprego e renda”, ressalta. “A pressão do movimento sindical e da sociedade pela redução dos juros”, conforme Amarildo, “precisa ser intensificada".

A próxima reunião do Compom será realizada em 20 e 21 de junho.

Com informações do Jornal do Comércio