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Greve geral convocada pela CUT contra reforma da Previdência parou o Brasil

Centenas de categorias cruzaram os braços nos 26 estados e no Distrito Federal, dispostas a barrar as reformas de Temer, em especial o fim da aposentadoria

Publicado: 29 Abril, 2017 - 00h00 | Última modificação: 27 Agosto, 2018 - 17h33

Escrito por: Redação CUT

Roberto Parizotti|CUT
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Nesta sexta-feira, 28 de abril de 2017, as linhas do metrô, ônibus e trens da capital paulista ficaram fechadas, estradas foram bloqueadas e avenidas trancadas. O dia da Greve Geral convocada pela CUT, com adesão das maiores centrais sindicais do país e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo parou o Brasil. Todos unidos contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, além da ampliação da terceirização propostas pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP).

Centenas de categorias cruzaram os braços nos 26 estados e no Distrito Federal. Foram realizadas marchas, piquetes, bloqueios de rodovias e atos culturais, alguns dos quais com muita criatividade e do bom humor.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, ainda pela manhã, o ex-presidente Lula atribuiu o sucesso da greve a uma maior conscientização dos brasileiros sobre os impactos das mesmas reformas de Temer que está destruindo a nação. Para Lula, o movimento de hoje mostra a força do movimento sindical.

"A greve teve adesão da dona de casa, dos trabalhadores do pequeno comércio. O movimento sindical e o povo brasileiro estão fazendo história", destacou Lula.

Em entrevista ao site da CartaCapital, antes mesmo de ser possível fazer um balanço mais completo da greve, o presidente da CUT, Vagner Freitas, lembrou que senadores, como Renan Calheiros (PMDB-AL), têm afirmado que a reforma trabalhista tal como foi aprovada na Câmara não passará no Senado.

Freitas anunciou a intenção dos trabalhadores de se reunir com senadores e líderes para conversar, mas também para avisar da disposição de "enfrentar todos aqueles que estiverem a favor dessa reforma". Mas, apesar da disposição de conversar, "nosso campo de batalha é a rua", avisou.

A fala do presidente da CUT sinaliza para uma constatação que tem sido feita por inúmeros ativistas, militantes, líderes e analistas, de que a greve geral deste 28 de abril não é um movimento que se extingue nem hoje, nem em si mesmo.

No meio rural e também em algumas cidades, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mobilizou sua base "intensamente" em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pernambuco, Pará, Paraíba, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraná, Piauí, Bahia, Tocantins, Alagoas, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Santa Catarina e Goiás.

João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, disse que a greve geral "conseguiu chegar ao conjunto da classe trabalhadora e, acima de tudo, fazer um grande debate sobre a importância da luta e da resistência contra as reformas do governo golpista de Michel Temer". Ele pediu ao Congresso Nacional sensibilidade e que pare imediatamente as votações das reformas que retiram direitos históricos dos trabalhadores e cidadãos. "Caso contrário, nós vamos convocar uma nova greve geral por tempo indeterminado." As centrais sindicais avaliam que o movimento de hoje irá pressionar o Planalto e o Congresso.

Enquanto isso, em Brasília, encastelado e acuado com a gigantesca rejeição de 92% dos brasileiros, o presidente Michel Temer continua como que alheado do país que diz governar, e disse que "não haverá recuos" nas reformas que pretende implementar.

O coordenador da Frente Povo sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, por exemplo, alertou: "Caso os ouvidos de Brasília permaneçam surdos à vontade da maioria, mesmo com o forte recado de hoje, o país poderá entrar de forma mais profunda na rota do conflito social".

Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares e um dos coordenadores da Frente Brasil Popular, atribuiu a dimensão do movimento grevista ao envolvimento unitário e de grande amplitude dos movimentos populares no Brasil inteiro. "Nossa intenção é derrotar, de fato, as reformas (trabalhista e previdenciária)." Ainda antes da greve, na quinta-feira (27), Bonfim havia previsto que a forte unidade dos movimentos popular e sindical, das centrais sindicais, das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo apontava para a possibilidade de que neste 28 de abril se realizasse "a maior greve da história do Brasil".

O sociólogo Laymert Garcia dos Santos considerou impressionante, na greve geral, a união e capacidade de organização de sindicatos, centrais e movimentos sociais.

Como se poderia esperar, todo esse gigantesco movimento no país inteiro foi vergonhosamente ignorado pela mídia tradicional brasileira, notória aliada e partícipe do golpe parlamentar que apeou Dilma Rousseff definitivamente do poder em 2016.

Porém, como observou Laymert, embora a Globo tenha, ontem, boicotado a greve, hoje de manhã "teve que fingir uma surpresa, de que tinha uma greve". Em nota divulgada à tarde, o MST também observou, sobre a questão midiática, que a repercussão do dia de greve geral no Brasil atingiu proporções internacionais.

"A hashtag #BrasilEmGreve se posicionou em primeiro lugar dos assuntos mais falados na rede social Twitter em todo o globo, desde as primeiras horas desta sexta-feira. Pronunciamentos de solidariedade chegaram de diferentes partes da América Latina, como Nicarágua, Panamá, Venezuela, Cuba e outros", disse a entidade. "Nem a grande mídia consegue esconder a indignação organizada da classe trabalhadora contra o governo golpista de Temer."

Veja links:

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