Greve dos Correios
Publicado: 26 Agosto, 2008 - 00h00
Escrito por: 18 dos 33 sindicatos concordaram com o acordo
Alguns Estados mudaram de posição em novas assembléias (SP, PI e CE entre eles), e decidiram aceitar a proposta da empresa. Com isso, o número mínimo de 18 sindicatos para assinar o acordo foi alcançado.
O acordo coletivo somente é assinado quando pelo menos 18 dos 33 sindicatos da categoria espalhados pelo país aceitam a proposta de reajuste salarial. As 18h30, do sábado (22) teria início uma audiência sobre a greve no TST (Tribunal Superior do Trabalho).
No Paraná, o Sintcom-PR manteve a greve até o sábado (22/9). Uma proposta a ser discutida é a volta ao trabalho com tarjas pretas no braço, em sinal de protesto.
A greve dos trabalhadores nos Correios completou dez dias no sábado (22/9), e passou a ser a maior paralisação da história da empresa.
"A atual greve é a maior da história tanto em termos de duração quanto em adesão da categoria nos diversos Estados do país", avalia Sebastião Cruz, diretor do Sintcom-PR (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná).
"Apenas três dos 26 Estados não entraram em greve. No Paraná, estão em greve todas as cidades nas quais trabalham mais de quatro carteiros."
Até então, a maior greve havia sido realizada em 2005, quando os trabalhadores permaneceram de braços cruzados durante nove dias.
Na sexta-feira (21/9), a categoria decidiu em assembléias no Paraná manter a decisão de rejeitar a última proposta oferecida pela empresa.
Os trabalhadores voltaram a se reunir no sábado (22/9), às 10 horas, em novas assembléias. Em Curitiba, o encontro aconteceu em frente ao edifício-sede da empresa, onde a categoria permaneceu acampada desde o início do movimento.
Conforme balanço parcial informado às 18h35 por Márcia Portes, integrante do comando de negociação da categoria e diretora do Sintcom-PR, dos 33 sindicatos da categoria espalhados pelo país, no sábado 15 rejeitaram a proposta dos Correios. Outros 15 optaram pela aprovação.
Reivindicações
Os trabalhadores reivindicam R$ 200 de aumento real linear, além da reposição das perdas salariais, que, conforme o Dieese, acumulam 47,77% desde 1994. "Os trabalhadores dos Correios não querem abono, querem aumento real de salário", afirma Nilson Rodrigues dos Santos, secretário-geral do Sintcom-PR.
No Paraná, desde o início da greve, a adesão subiu de 80% para mais de 90% da categoria, conforme estimativa do sindicato. A média nacional é de 85% de adesão entre os trabalhadores da área operacional, formada por carteiros e operadores de triagem.
Cerca de 110 mil pessoas trabalham nos Correios —o maior empregador em regime CLT do país. Desse total, 56 mil recebem salários inferiores a R$ 800. Um carteiro recebe salário inicial bruto de apenas R$ 524,08.
Conforme levantamento elaborado pelo Sintcom-PR, o salário médio pago pelos Correios é o menor entre todas as empresas da administração pública federal.
Periculosidade
Durante a assembléia desta sexta-feira (21) em Curitiba, os trabalhadores dos Correios foram informados de que o projeto de lei que concede adicional de periculosidade aos carteiros será votado na próxima terça-feira (25/9) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
O projeto, de número 7362/2006, já foi aprovado pelo Senado e pela Comissão de Trabalho da Câmara. Tramita em caráter conclusivo, ou seja, uma vez aprovado pela CCJ, segue diretamente para a sanção do presidente Lula.
A proposta altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e classifica a profissão de carteiro entre as sujeitas a riscos à integridade física do trabalhador, em decorrência da circulação em vias públicas. Conforme a CLT, o trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário.
Relator do projeto na CCJ, o deputado federal João Campos (PSDB-GO) apresentou parecer favorável à proposta. "A possibilidade de acidentes, assaltos, moléstias cutâneas, doenças ortopédicas e ataques de animais domésticos é significativamente maior para os carteiros visto que trafegam diariamente, com rotina de trabalho, por tempo determinado, em qualquer que sejam as condições climáticas e quase sempre de forma solitária", diz trecho do parecer.