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Gráficos de São Paulo vão à...

Ação truculenta é resultado da decisão democrática dos trabalhadores escolherem a CUT

Publicado: 31 Agosto, 2011 - 17h47

Escrito por: Luiz Carvalho

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Decisão da juíza freou tentativa de golpeDecisão da juíza freou tentativa de golpeForça Sindical transformou sindicato em caso de políciaForça Sindical transformou sindicato em caso de políciaPaulo Rogério, coordenador da invasão ao sindicatoPaulo Rogério, coordenador da invasão ao sindicato
Desde o último dia 29, funcionários da Força Sindical permanecem na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo (Stig), na região central da capital paulista. A invasão ocorreu por após os trabalhadores se desfiliarem dessa central e ingressarem na CUT.

Com medo da situação, os funcionários da entidade estão em casa e os cursos foram suspensos.

Na manhã desta quarta-feira (31), representantes da Central Única dos Trabalhadores e da direção dos gráficos foram até o local para tentar o diálogo. Porém, em mais uma demonstração de repúdio à democracia e desrespeito à categoria, resolveram permanecer.

“Pedimos para que os seguranças e ‘bate-paus’ lá presentes deixassem o lugar para que pudéssemos ingressar, mas fomos impedidos disso. Tivemos que acionar a polícia, que compareceu e identificou as pessoas. São funcionários da Força contratados para criar essa confusão, que sequer são gráficos”, disse Marcelo Fiorio, secretário de Organização Sindical da CUT-SP.

Diante disso, o Stig registrou um Boletim de Ocorrência e ingressará com uma ação de reintegração de posse do prédio. Porém, é importante destacar, mesmo com os problemas o trabalho na base continua, com apoio da CUT. “Independente disso, estamos desenvolvendo o trabalho. Os dirigentes estão nas bases conversando com os trabalhadores, contando esses fatos, discutindo as pautas da campanha salarial e informando que o sindicato está atuando normalmente, por enquanto, na sede da nossa central. O sindicato não é o edifício, mas sim a vontade dos trabalhadores e trabalhadoras gráficas se organizarem livremente”, explica o dirigente.

Olha o golpe
No último dia 13, por ampla maioria, a direção executiva do Stig decidiu pela desfiliação da Força e filiação à CUT. Porém, diante das ameaças e da pressão, parte da diretoria resolveu em uma reunião no dia 20 fazer uma reunião e protocolar uma ata com uma série de denúncias contra o presidente da organização, Márcio Vasconcelos.

O objetivo era desestabilizar o dirigente e a seguir, esse grupo ingressou com uma ação na Justiça pedindo o afastamento de Vasconcelos. A tentativa de golpe, porém, foi identificada pela juíza do Trabalho, Juliana Nagase, que indeferiu o pedido, conforme comprova o documento ao lado. Observa a magistrada que seria necessária uma assembleia geral extraordinária com a presença e aprovação da maioria absoluta dos associados para que isso acontecesse.

“A luta deve ocorrer na base e a base já respondeu dizendo que quer a continuidade da campanha salarial continue e demonstrou quem deseja que a representa”, indica Fiorio.

Ele refere-se à assembleia do último domingo, dia 28, um dia antes da invasão. Na ocasião, os trabalhadores definiram as reivindicações e estratégias para a campanha salarial deste ano e referendou a filiação à Central Única dos Trabalhadores.

Porque a truculência
Desde que decidiu filiar-se à CUT, a direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de São Paulo passou a sofrer com ameaças. A assembleia que iria dar início à campanha salarial, no dia 13, não pode acontecer por conta da ação violenta de pessoas ligadas à Força, que impediram a realização do encontro.

Na tarde do dia 25, uma bomba foi atirada contra a sede da entidade por pessoas não identificadas.

Além disso, o presidente Marcio Vasconcelos afirmou durante a cerimônia de filiação à CUT que muitos diretores recebiam ameaças, sendo inclusive intimidados ao dialogar com a base nas portas das empresas.

Tanta violência tem um motivo simples: com 89 anos de história, o Stig é o maior sindicato de gráficos da América Latina, com 50 mil trabalhadores na base e 17 mil filiados. Mais do que a importância histórica, representa um grande prejuízo para quem está preocupado com os dividendos que o imposto sindical traz.

E foi justamente a luta que a CUT  trava pelo fim da cobrança desse mecanismo que financia muitas entidades sem qualquer representatividade que influenciou a decisão do sindicato. “Nascemos lutando por liberdade e autonomia sindical, contra o poder normativo da Justiça do Trabalho, contra o imposto sindical. Os gráficos começaram a enxergar a diferença entre nós e as demais, principalmente a Força. E a celebração do Paulinho da Força no 1.º de Maio, dizendo que quem não defendia o imposto era contra o movimento sindical, foi a gota d´água”, lembra Marcelo Fiorio.

A invasão do sindicato apenas reforça o que defende a CUT: para que tenhamos um movimento sindical mais democrático e realmente representativo, a liberdade, a autonomia sindical e o fim do imposto substituído por uma contribuição negocial definida em assembleia são essenciais.