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Governo de Minas entrega Parque da Gameleira...

Publicado: 28 Janeiro, 2014 - 12h53

Escrito por: Maíra Gomes - Brasil de Fato

 

O governo de Minas Gerais vai entregar à iniciativa privada mais um bem público, o Parque de Exposições Bolivar de Andrade, conhecido como Parque da Gameleira. O governo, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), entrega aos empresários a administração do local por 30 anos, além de ceder espaço para a construção de qualquer tipo de empreendimento, como um shopping ou hotel, cujo lucro será totalmente entregue à concessionária vencedora da licitação.

 

O empreendedor público da unidade de PPP do governo de Minas Gerais, Eloy Oliveira, justifica que o local tem sido subutilizado, recebendo apenas dez eventos por ano. Segundo Eloy, o desejo do governo é aproveitar melhor o Parque, que é muito bem localizado - na avenida Amazonas, região Oeste da capital - com fácil acesso pelo metrô e grandes vias. “Aliado a isso, há a necessidade de gerar mais turismo de negócios na cidade, para aproveitar o legado da Copa do Mundo”, declara.

 

Atualmente, o Parque da Gameleira oferece à população eventos como rodeios, provas hípicas e apresentações de lazer. Atividades agropecuárias também ocorrem no local, como exposições e leilões de animais e amostras da produção agrícola. Toda a estrutura existente no local pode ser demolida para dar espaço a novos equipamentos.

 

O investimento deve ser de cerca de R$ 300 milhões. O governo exigiu da concessionária a construção de dois espaços: um parque multiuso, para a realização de eventos e um auditório com capacidade para 4 mil pessoas. O responsável no Estado pela PPP aponta que espaços deste tipo não garantem o lucro ao investidor privado. Assim, será entregue, além da construção dos equipamentos obrigatórios, um espaço para um empreendimento lucrativo, como um shopping ou hotel, que será definido pela própria concessionária vencedora da licitação. “Vamos deixar uma parte do terreno para que a empresa explore da maneira que quiser. O governo deve aprovar antes, mas apenas para evitar coisas esdrúxulas, como a construção de uma usina nuclear”, aponta Eloy.

 

Real necessidade

O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas (CUT/MG) e coordenador-geral do Sindieletro-MG, Jairo Nogueira Filho, aponta que espaço para negócios em Belo Horizonte não é o que a cidade precisa. “Precisamos entender como é feita essa estratégia de PPPs. É só para o lucro da iniciativa privada, não vemos contratos feitos de acordo com a necessidade da população”, aponta. Ele declara que o Estado mineiro tem diversas deficiências que devem ser sanadas, como falta de moradia e saneamento básico, além de poucos espaços de lazer. “O que essas modificações têm a ver com a população? Nada. O espaço poderia virar um centro cultural, para a população da periferia, mas acabou sendo entregue à iniciativa privada, apenas para beneficiar os empresários”, diz.

 

Uma boa reforma daria conta

Como se trata de uma espaço dedicado à pecuária, o Parque funciona como sede para algumas entidades de criadores e comerciantes de animais. O diretor da ABCCCampolina e presidente da Academia Brasileira do Cavalo Campolina, Emir Cadar, conta que há cerca de um ano os grupos têm se reunido com o governo para reivindicar melhorias na estrutura. “Fizemos uma série de reivindicações que o governo conseguiria atender com uma boa reforma”, diz.

 

No entanto, a mudança no uso do espaço acabou por mudar o projeto das associações. “Não temos mais como lutar contra isso, o governo já decidiu fazer o acordo. Mas estamos querendo é a garantia de que haja espaço para a pecuária, e isso nós conseguimos”, aponta.