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Filha de Luther King condena racismo na...

Publicado: 25 Julho, 2013 - 11h57

Escrito por: Leonardo Severo

A filha de Martin Luther King, Bernice King, condenou a tentativa do presidente Barack Obama de abafar a onda de protestos que se espraiaram por mais de cem cidades norte-americanas contra a absolvição do racista George Zimmerman, assassino do jovem negro Trayvon Martin.

Após perseguir, atacar e abater a tiro o adolescente de 17 anos quando retornava para casa, Zimmerman, que é branco, foi absolvido pelo júri branco sob a alegação de “legítima defesa”, embora tenha telefonado à polícia momentos antes informando que estava de olho num negro.

Seguindo os passos do pai, Bernice, uma das principais defensoras dos direitos humanos nos Estados Unidos, disse que existe em seu país algum dispositivo camuflado pelo qual se age de uma forma com as pessoas de pele branca e outra bastante diferente com as negras. Para ela, o caso de Trayvon Martin põe a nu como a discriminação racial continua sendo uma questão sem resolver nos EUA.

“Quando penso se poderia ter se passado algo parecido com um norte-americano de pele branca, tenho sérias dúvidas de que George Zimmerman houvesse reagido tão rapidamente em tal situação. Acredito que teria pensado duas vezes, porque se sabe que nos EUA existe um código secreto segundo o qual é necessário ter cuidado com algumas pessoas e há gente cuja vida não é tão importante. Acredito que este caso poderá ser qualificado como crime racial pela linguagem de Zimmerman em sua chamada ao serviço de emergência", explicou Bernice.

A filha do legendário defensor dos direitos dos afroamericanos nos EUA, assassinado em 1968, considera que o caso de Trayvon Martin faz soar o alerta para a necessidade de prosseguir o trabalho de seu pai.

"Este caso em particular é, na minha opinião, um sinal e um toque de alerta para que levemos a cabo ou continuemos o trabalho não terminado de Martin Luther King Jr.", disse Bernice, frisando que "continuamos com as leis injustas que afetam desproporcionalmente os afroamericanos mais que a qualquer outro grupo de pessoas nos Estados Unidos". 
Segundo o historiador Raúl Hinojosa, casos como o de Trayvon Martin ocorrem por que as leis estadunidenses são "muito racistas, especialmente as do estado da Flórida”. A lei fascista, assinada pelo então governador Jeb Bush, serviu ao assassino para alegar ter matado “em legítima defesa”, pois estimula a população branca a atirar primeiro e perguntar depois.

“Neste caso, não se discutiu que houvesse motivos raciais no julgamento que acaba de ser celebrado na Flórida, as leis não permitem este tipo de discussão", acrescenta o historiador, para quem se Trayvon fosse branco, o mais provável é que seu assassino não o tivesse perseguido, já que - como afirmou Zimmerman, "não o haveria percebido como uma ameaça".