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Festival Lula livre reúne famílias gratas a Lula por ter mudado suas vidas

Tinham famílias pedindo a volta da democracia, a liberdade de Lula e o direito do ex-presidente ser candidato nas eleições deste ano. Todos reconheceram que Lula melhorou a vida da classe trabalhadora

Publicado: 30 Julho, 2018 - 15h59 | Última modificação: 01 Agosto, 2018 - 11h30

Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

Alex Capuano/CUT
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O início de uma tarde sob um calor de 33 graus não impediu que milhares de pessoas fossem aos Arcos da Lapa, centro do Rio, assistir o Festival Lula Livre, no último sábado (28). Gente de todos os cantos da cidade e do país foi dar seu apoio ao ex-presidente mantido como preso político desde o dia 7 de abril, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, Paraná.

Alguns foram para protestar contra os desmandos do Judiciário, outros para expor o receio de um retrocesso com a perda de direitos trabalhistas e civis. Muitos foram por acreditar que, com Lula, podem ter um futuro melhor. E os ambulantes, como Ana Paula Assis, 40 anos, aproveitaram a movimentação de mais de 50 mil pessoas para tentar faturar um pouco mais.

Moradora da periferia do Rio, Ana Paula é uma das que sentem que a vida ficou mais difícil, como mostrou pesquisa CUT/Vox Populi, divulgada na última sexta-feira (27). Segundo ela, ultimamente, muitos dos seus vizinhos têm saído de casa sem o café da manhã para trabalhar. Muitas vezes, é ela quem se solidariza oferecendo um pão e uma xícara de café com leite.

“A vida da gente piorou muito, desde que mudou o governo. Por mais que a gente trabalhe, levante cedo, faça tudo para pagar as contas, não está dando. Eu faço de tudo um pouco, doces, salgados e até trabalho de esteticista. Mesmo assim mal dá pra sustentar a família”, reclama.

Para outros, embora não falte comida à mesa, a lembrança de como foi a infância e a adolescência, antes dos governos Lula e Dilma ainda estão fortes na memória.

Com Lula, a vida era melhor

Carla Félix de Oliveira, bióloga, 39 anos, filiada ao PT, diz que sua preferência partidária vem do agradecimento que tem a Lula. Ela conta que seu pai, engenheiro, morreu logo depois do Plano Collor ter confiscado a poupança da família.

Sem dinheiro chegaram a morar em uma favela e de favores de familiares. Carla que vivia com a mãe e a irmã mais nova, passou muita necessidade e  o dinheiro mal pagava o aluguel do quarto em que moravam.

“Durante o governo FHC a gente nunca tinha dinheiro pra comer carne. Muitas vezes comíamos angu. Quando Lula foi eleito eu pude arrumar um emprego melhor e consegui pagar a minha faculdade e da minha irmã”, lembra.

Também conseguiram um financiamento e a família comprou um pequeno apartamento de dois quartos, num condomínio na zona norte do Rio, com piscina e jardim.

“O valor da prestação era o mesmo do quartinho que a gente morava e ainda podíamos comer carne, tomar um refrigerante, uma cerveja. Coisas que eram proibitivas pela falta de dinheiro, antes de Lula”, diz a bióloga.

Para ela, são importantes essas manifestações de solidariedade a Lula. Tanto que agora, casada, foi com o marido Bruno e a filha Bárbara, de seis anos, ao Festival.

A pequena já sabe quem é Lula. Inclusive, escreveu uma cartinha ao ex-presidente e fez questão de homenageá-lo com um desenho na calçada nas proximidades dos Arcos da Lapa.

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Já o produtor cultural Wellington Viana, paulistano de 35 anos e o analista financeiro Carlos Alberto da Silva Júnior, carioca, de 33, juntos há sete anos e em regime de união estável há mais de dois, veem com preocupação os movimentos conservadores ganharem forças.

”Havia muita marginalização da sexualidade. Eu era garoto ainda, mas apanhei e vi muitos amigos apanharem na rua seja por carecas ou outros homofóbicos só pelo prazer de ofender”, relata o produtor cultural.

Wellington se preocupa também com o fim de projetos educacionais e culturais. “Participei, durante o governo Lula, de um grande projeto de desenvolvimento cultural e social que são os ‘Pontos de Cultura’ e, agora, eles acabaram. Os golpistas estão sufocando a nossa cultura”, lamenta.

Ele e Carlos são parte de uma nova família. Pais do pequeno Antônio atuam na educação e são presentes na vida do menino de um ano e três meses, juntamente com a mãe, Ana Paula.

“Meu maior motivo de querer Lula livre é porque tenho medo de voltar a viver tudo o que vivemos nos anos 1980, quando eu era criança”, diz Wellington, que teme o retrocesso em áreas como saúde e educação, as mais afetadas pela PEC do fim do mundo, que congelou os gastos públicos por 20 anos.

“Não quero que meu filho passe pelo que eu passei”, diz Wellington.

Já Carlos, teme o fim da democracia no país. Segundo ele, a luta pela liberdade de Lula não tem nada a ver com partido e sim com a liberdade da nação. “Gritar Lula livre, é gritar pela restauração da democracia”.

Para Carlos, a prisão de Lula foi feita sem provas, “pela união da direita, que insiste em esmagar as minorias, tirar os direitos dos trabalhadores e vender nosso país para grupos de empresários”.

Preocupação com o futuro dos filhos foi uma afirmação recorrente entre algumas das pessoas presentes ao Festival Lula Livre. A psicóloga da Paraíba que atualmente mora no Rio, Vilele Cardoso de Alcântara, homenageou o ex-presidente levando o filho Davi, de sete meses, vestido com a camiseta estampada com a foto de Lula e um chapéu de couro, lembrando as raízes nordestinas do ex-presidente.

Ela disse que foi ao festival protestar contra os retrocessos nas áreas social e trabalhista e, também, os ataques a democracia brasileira.

“É preocupante o que a gente vai deixar para eles”, disse se referindo ao filho.

“Tudo isso me assusta e, por isso, precisamos fazer a nossa parte, vir, protestar, se manifestar e resistir”, disse a psicóloga.

Resistência também foi uma das palavras mais ouvidas durante o Festival Lula Livre.

Daniele Lira de Araujo Maia, cientista política e servidora pública da prefeitura de Belo Horizonte (MG) e a professora Carmem Araújo Maia deram uma pausa num Congresso do qual participavam no Rio para ir até os Arcos da Lapa levar solidariedade a Lula e demonstrar que resistir é preciso.

“Não poderia deixar de vir para essa manifestação. Lula precisa ser candidato em 2018. Votem ou não nele, Lula tem o direito de ser candidato”, disseram as amigas.