Família de Wilson Pinheiro exige na...
Além de não pagar nada à família, multinacional ainda adulterou a imagem do sindicalista no filme Amazônia em chamas
Publicado: 18 Janeiro, 2012 - 11h41
Escrito por: Leonardo Severo

No dia 21 de junho de 1980 foi assassinado com vários tiros, um na nuca, pelas costas, Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia, no Acre, precursor do sindicalismo na região e dos “empates”, ações que mobilizavam as comunidades, unindo seringueiros, ribeirinhos e colonos para impedir a derrubada da mata nativa.
Chico Mendes, que posteriormente transformou-se num ícone da luta ambientalista, compunha a diretoria do Sindicato comandada por Wilson Pinheiro, vindo posteriormente a ser a principal liderança do movimento em defesa dos povos da floresta. Em virtude deste compromisso, também foi assassinado, em dezembro de 1988, a mando dos latifundiários.
Pegando carona na história e na comoção internacional que gerou o sangue jorrado pelos dois mártires em defesa da floresta amazônica, a multinacional estadunidense Warner Bros produziu Amazônia em Chamas (The Burning Season), em 1994, mas nada repassou sobre o direito de imagem à família de Wilson Pinheiro, que ainda hoje luta por uma justa indenização diante dos imensos lucros obtidos com o filme.
“Entramos na justiça acreana, ganhamos e o processo seguiu, mas voltou novamente. São indas e vindas em ações que duram mais de dez anos. Agora, é provável que no mês de fevereiro, o processo que foi ao Ministério Público estadual a pedido da desembargadora Eva Evangelista, vá finalmente a julgamento e tenhamos reparada a injustiça”, declarou Hiamar Pinheiro, filha de Wilson. Conforme Hiamar, a mobilização dos movimentos sindical e social é decisiva para dar repercussão ao caso, no Brasil e no exterior, o que pode fazer com que a Warner pague o que deve.
“O pior é que o filme é muito mentiroso. Além de errar muito, a Warner também não respeitou os direitos da família”, declarou Abrahim Farhat Neto, assessor do senador Anibal Diniz (PT-AC), contemporâneo de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, com quem lutou lado a lado, vindo posteriormente a ser fundador da CUT no Acre.
“Chico Mendes foi secretário do Sindicato quando o Wilson foi presidente. Os dois eram de uma escola sindical formada dentro da igreja católica, da Teologia da Libertação, e também com a ajuda da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Junto com a comunidade eles atuavam para barrar o avanço da pecuária, da bovinação. Lutavam para preservar a floresta em pé, para que as pessoas tirassem dali o seu sustento, a sua sobrevivência, sem destruíla”, esclareceu Abrahim.