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Encontro no Vaticano mostra que ameaça a direitos é global

Representantes do Brasil reforçaram denúncias contra anti-reformas promovidas pelos golpistas.

Publicado: 25 Novembro, 2017 - 13h20 | Última modificação: 27 Novembro, 2017 - 08h53

Escrito por: CUT Brasil, com informações de Cristiane Murray, da Rádio Vaticano

Divulgação/CUT
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Carmen Foro, Aristides Santos, o cardeal Peter Turkson e Alberto Broch.

O Vaticano sediou na quinta e sexta-feira (23 e 24/11) um grande encontro internacional de organizações sindicais, reunindo delegações de 40 países em torno do tema: O trabalho e o movimento trabalhista no centro do desenvolvimento integral, sustentável e solidário”.

À frente da delegação brasileira, a vice-presidenta nacional da CUT, Carmen Foro, disse, em entrevista à Rádio Vaticano, que o encontro teve “fundamental importância para os desafios que temos na humanidade neste período. Trazemos aqui a nossa experiência enquanto CUT no Brasil, as nossas lutas, e a vontade de sairmos muito mais fortalecidos para enfrentar a perversidade do capital”.

Acompanhando Carmen, o presidente da Contag (Confederação Nacional de Trabalhadoras na Agricultura), Aristides Santos, avaliou como um relevante resultado do evento a percepção de que “há a necessidade de construir uma ampla unidade das organizações da classe trabalhadora para enfrentar o capital e a quarta revolução industrial que já começou, com a inovação que acaba colocando a tecnologia como o centro do desenvolvimento, esquecendo que o trabalho e as pessoas são mais importantes que a tecnologia. E o capital nessa perspectiva de dominar não só os povos, mas também os governos, que ficam reféns dele.”

Também na representação brasileira, Alberto Broch, vice-presidente da Contag, destacou que “esse foi um dos mais importantes eventos da Igreja Católica com o movimento sindical dos últimos 50 anos. Um evento com a participação representantes de centrais sindicais, confederações, sindicatos, redes regionais, centrais mundiais. Foram 150 participantes com representação de toda a classe trabalhadora e do movimento sindical mundial". Broch contou que o evento ”discutiu a situação do trabalho no mundo, o capitalismo, a exclusão, a informalidade e grande preocupação com a tecnologia, enfim, o mundo de hoje e como podemos torná-lo mais solidário, de modo que sua riqueza possa ser distribuída para todos e não somente para alguns". 

O encontro em Roma foi promovido pelo Dicastério (espécie de ministério) para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano. Segundo o cardeal Peter Turkson, presidente do dicastério organizador, é necessário promover um trabalho digno com a colaboração dos sindicatos. “O fato que a tecnologia subtraia trabalho ao ser humano é um desafio para o mundo moderno. O risco é que homens e mulheres façam um trabalho escravizado”.

Na entrevista à rádio, Carmen Foro enfatizou que “a realidade dos trabalhadores brasileiros hoje é grave, de retrocesso absoluto de tudo o que conquistamos até este momento. No Brasil, hoje há a aprovação e a aceitação do trabalho escravo pelo governo. Há destruição do Estado, das leis do trabalho, a tentativa de reformas que retiram um conjunto de direitos. O mais grave para nós, neste momento, é que a população pobre: negros, jovens, mulheres, estão sendo os mais afetados. Estamos aqui porque sentimos que é preciso somar desejos de mudanças, que o nosso coração continue cheio de vontade de transformar a realidade social de meu país e do mundo todo”.

O Papa Francisco, em carta enviada ao encontro, lembrou: "Os sindicatos e movimentos de trabalhadores por vocação devem ser especialistas em solidariedade. Mas para promover desenvolvimento solidário, lhes rogo que se cuide de três tentações. A primeira, a do individualismo coletivista, quer dizer, de proteger só os interesses de seus representados, ignorando o resto dos pobres, marginalizados e excluídos do sistema. (...) Meu segundo pedido é quye se cuidem do câncer social da corrupção. (...) O terceiro pedido é que não se esqueçam de seu papel de educar consciências para a solidariedade, o respeito e o cuidado.