Encontro de Amputados destaca esporte e inserção profissional
Publicado: 22 Novembro, 2007 - 15h53
Escrito por: Evento acontece de 23 a 25 de novembro em Florianópolis/SC
A amputação e a necessidade de reabilitação funcional são realidades cada vez mais presentes no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), no Brasil a amputação primária é aplicada em 70% dos pacientes com problemas vasculares que atingem as extremidades. Em 1993, um levantamento realizado em 22 centros médicos do País mostrava que esse índice era de 58%. Em países como Estados Unidos, Canadá e da Europa, esse percentual oscila entre 10 e 20%. De acordo com o presidente da SBACV, Airton Frankini, a amputação primária ocorre quando clinicamente não é possível mais ser realizada a revascularização, ou seja, aumentar a irrigação de sangue para os membros afetados. Nessa hora, é fundamental a reabilitação plena que permite um futuro para quem passa a utilizar prótese. Este e outros assuntos estarão em discussão na segunda edição do Encontro Brasileiro de Amputados, que ocorre de 23 a 25 de novembro, em Florianópolis, organizado pela Ortopédica Catarinense como apoio da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC).
O evento neste ano vai enfocar a superação e a reabilitação relacionadas com o esporte. Um dos palestrantes será o jogador de vôlei, medalhista de ouro no último Parapan Americano Rio 2007, Daniel Jorge da Silva, de 26 anos, que perdeu a perda direita depois de levar um tiro em assalto na cidade de Curitiba. O esportista vai abordar as dificuldades que enfrentou até chegar a ser um atleta de sucesso e quais os segredos para não desistir e conseguir ultrapassar os obstáculos na vida pessoal e no trabalho, além de falar dos desafios de uma equipe de vôlei formada por pessoas com deficiência.
Outro que vai dividir um pouco de sua experiência como amputado e usuário de prótese é o administrador de empresas Evandro Schultz, que nasceu com deficiência congênita. Schultz vai falar sobre a inclusão dos amputados no mercado de trabalho, a necessidade de qualificação profissional e os benefícios e lacunas da legislação. Destaque, também, para o espaço do universo dos sentidos que oportunizará aos participantes diferentes vivências corporais, otimizando suas potencialidades e os seus sentidos em pequenos e grandes grupos, com tintas, vendas e aromas diversos.
O protesista Agenor Teixeira de Souza, coordenador geral do Encontro, explica que as atividades de recreação, esportivas e de sensibilização serão realizadas durante o evento com o intuito de evidenciar como funciona a reabilitação. “E importante ressaltar que o sucesso da reabilitação é fruto da tecnologia avançada dos materiais aliada a uma recuperação que leva em conta aspectos emocionais e psicológicos e permite qualidade de vida aos amputados”, destaca Souza. Para 2007, a novidade são as próteses acima do joelho com encaixes a vácuo, mais leves e que aumentam o contato para pacientes com esse tipo de amputação. Outra boa notícia é que há linhas de financiamento para aquisição de próteses em 36 vezes.
Esporte e reinserção – O jovem Odinei dos Santos, residente em Blumenau (SC), é um exemplo de que o esporte é ingrediente fundamental na superação dos desafios. Neste ano, ele foi campeão brasileiro de fisiculturismo depois de conquistar outros títulos em anos anteriores. Mas a conquista é resultado de um amplo trabalho de reabilitação iniciada em sua adolescência. Quando tinha 14 anos, Santos caiu dentro de uma máquina colheitadeira, na cidade de Gaspar, que decepou suas duas pernas. A vida mudou, as próteses passaram a fazer parte de sua vida 45 dias depois do acidente, mas o esporte também foi incluído. Mais do que praticar exercícios para a reabilitação, o jovem resolveu ser um atleta de competição. “Tomei gosto pela coisa e não parei mais. Primeiro foi a musculação, depois os esportes radicais (rafting e rapel) e, em 2000, comecei a praticar fisiculturismo. Não tive medo de reaprender a andar. Sinto-me recompensado”, afirma Santos.
Números da reabilitação – Segundo dados da Ortopédica Catarinense, empresa com atuação nos três estados da Região Sul, entre os pacientes que passaram pela reabilitação (entre 2000 e 2007) no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo menos 456 foram vítimas de acidente de trânsito, 254 por causa de problemas vasculares, 237 em virtude de acidentes de trabalho e os demais devido a diabetes, tumores e deficiência congênita.
Serviço
II Encontro Brasileiro de Amputados
De 23 a 25 de novembro
Hotel Canto da Ilha
Av. Luiz Boiteux Piazza, 4810 – Ponta das Canas – Florianópolis/SC
www.encontrodeamputados.com.br
Informações
Felipe Lemos
(48) 32237999 / (48) 9119-7990
www.delmondo.com.br