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Em meio atraso de vacinação e sem planejamento, Brasil se aproxima de 400 mil mortes

O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tem alterado previsões de datas para imunizar grupos prioritários. Nesta terça-feira (20), o ministro Ricardo Lewandowski do STF, determinou que o governo detalhe o cronogra

Publicado: 22 Abril, 2021 - 12h02

Escrito por: Redação CUT

Tania Regô/Agência Brasil
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Com o Brasil se aproximando de 400 mil vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, adiou em mais quatro meses, até setembro, o fim da vacinação dos grupos prioritários. No calendário de imunização, estava previsto para o mês de maio a vacinação de pessoas do grupo de risco, no entanto, a falta de planejamento do governo federal e o atraso das doses de vacina têm contribuído para colocar o país no epicentro da pandemia.

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21), ao ser questionado por jornalistas sobre atrasos no Programa Nacional de Imunização, o ministro da Saúde se irritou e afirmou que “é necessário parar de contar vacina”. “Vamos deixar de ver só problema. Porque, na realidade, a gente está aqui é para dar solução à nossa população. Fica com essa coisa de contando doses de vacina”.

O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tem alterado previsões de datas para imunizar grupos prioritários. Em dezembro, o ex-ministro da pasta, general Eduado Pazuello, afirmou em março que metade da população apta a receber a vacina seria imunizada no primeiro semestre. O restante, até o fim do ano. 

Mais de 3 meses após o começo da vacinação no Brasil, 24,8 milhões de pessoas receberam a primeira dose, segundo dados do ministério. No entanto, a pasta não atualiza o cronograma de entrega de vacinas desde 19 de março e em vários estados a vacinação é interrompida por falta de doses. 

Foi preciso o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar, na terça-feira (20), que o governo detalhe o cronograma de entrega das vacinas em até cinco dias. Queiroga disse que irá apresentar os dados dentro do prazo.

14 capitais seguem com ocupação acima de 90%

O atraso ocorre em meio ao momento mais crítico da pandemia, com o país passando de 3 mil mortes por dia e registrando cada vez mais casos da doença. Mesmo apresentando uma redução da pressão por vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para tratamento da Covid-19 em várias capitais, 14 delas e o Distrito Federal estão com mais de 90% de seus leitos de UTI públicos com pacientes graves da doença.

Segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo, na semana passada eram 17 capitais com mais de 90%, ao todo 18 capitais registram queda no percentual de leitos de UTI ocupados na última semana, sendo que cinco delas estão abaixo do patamar crítico de 80%: Salvador, Macapá, Manaus, João Pessoa e Boa Vista.

Salvador, que saiu da taxa de ocupação de leitos de 81% na última semana, está com 76% nesta semana, queda que acompanha a tendência registrada no estado.

Em São Paulo, onde também há desaceleração na demanda por leitos, a taxa de ocupação chegou a 83% no estado, 81% na Grande São Paulo e 84% na capital paulista, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.

Já nas capitais como Campo Grande e Rio Branco não têm nenhum leito disponível para pacientes críticos.

Rio Branco tem a ocupação de leitos em 100% nas duas unidades de referência da cidade, e a fila para transferência, que estava zerada, agora tem 14 pessoas.

Em Mato Grosso do Sul, a ocupação das UTIs atingiu o patamar de 106%, com 37 pessoas aguardando por leitos.

O cenário também é crítico em Mato Grosso, onde a ocupação segue próxima do limite, com 96% das 608 vagas de UTI ocupadas.

No Distrito Federal, havia 231 pessoas à espera de um leito de UTI nesta terça. A taxa de ocupação de leitos Covid-19 era de 97

Goiás tem uma ligeira redução na última semana, mas, ainda assim, 90% dos leitos estão ocupados e há fila. Na última semana, havia 74 pessoas à espera de uma vaga. Agora, há 37.

Dados da pandemia no Brasil

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 3.157 mortes por Covid-19, e com isso chega a 381.687 vidas perdidas pela doença desde o início da pandemia. O país também registrou 71.231 novos casos, contabilizando assim 14.122.116 pessoas infectadas pelo coronavírus.

Com as mortes registradas nas últimas 24h, a média móvel chegou a 2.787 —são 91 dias acima de 1.000 mortes por dia e 36 dias acima de 2.000, patamar considerado muito elevado.