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Dodô, um aguerrido companheiro que deixa saudades

Publicado: 28 Janeiro, 2008 - 13h59

Escrito por: Falecimento do Secretário de Organização da CUT-PR

 

O movimento sindical cutista paranaense perdeu na madrugada do último sábado (26) um de seus dirigentes mais combativos e atuantes nesses quase 23 anos de história de luta da Central Unica dos Trabalhadores no Estado. Trata-se do companheiro e trabalhador bancário José Donizetti Viana (52), conhecido por todos pelo simpático apelido de Dodô.

 

Dodô era paulista de Ourinhos, nascido aos 23 dias do mês de maio de 1955, mas ainda jovem escolheu o Paraná para morar e constituir família. Em março de 1976 entrava para o Banestado, no Conglomerado do Bairro Santa Cândida, em Curitiba, por onde iniciou sua militância no movimento sindical. Logo nos primeiros anos da década de 80 ajudou a construir o Movimento de Oposição Bancária (MOB) e a CUT-Paraná. Teve participação de destaque na primeira Greve Nacional dos Bancários, realizada em 1985, com duração de nove dias. Assim, também auxiliou na criação do Departamento Nacional dos Bancários (DNB), transformado posteriormente em Confederação Nacional dos Bancários (CNB), hoje Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (ContrafCUT).

 

Juntamente com o MOB, Dodô disputou por diversas vezes as eleições do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana (Seeb Curitiba). A primeira vitória veio em 1987, numa chapa de composição. Na eleição seguinte, em 1990, perderam as eleições sindicais para um grupo que estava diretamente ligado às direções dos bancos. Porém, retomaram o Seeb Curitiba para a luta logo nas eleições seguintes, em 1993. Com vitória do MOB, Dodô se tornara novamente diretor de base da entidade e se caracterizou como uma grande liderança no Banestado. Nesse mesmo ano teve o reconhecimento da importância de suas ações como dirigente e foi liberado para atuação em tempo integral no Sindicato. Integrou as gestões de 93/96, 96/99, 99/02 e 02/05 do Seeb Curitiba.

 

Durante todo esse tempo Dodô levantou a bandeira da CUT e ajudou a espalhar por todo o Estado essa nova concepção de sindicalismo, com liberdade de organização e concepção classista. Esse movimento de luta de Dodô e demais dirigentes cutistas culminou com a criação, em janeiro de 1992, da Federação dos Bancários da CUT-Paraná.

 

O camarada Dodô também lutou assiduamente contra a privatização do Banestado (2000) e da Copel (2001), pelas eleições presidenciais diretas no Brasil (1984) e também pelo impeachment de Collor de Mello (1992). Sua trajetória de luta se confunde com a da CUT, mas somente durante o 10º Congresso Estadual da Central, realizado em abril de 2006, passou a integrar efetivamente a Executiva da Direção da entidade como Secretário de Organização. Nesse breve tempo na Direção da CUT-PR, esteve engajado em campanhas importantes, como, por exemplo, pela recomposição do piso salarial estadual, contra a emenda 3, pela integração latino-americana (1º de maio 2006), entre outras...   

 

Dodô resistiu a muitas ofensivas contra os trabalhadores, sempre com uma enorme disposição de luta. Infelizmente não resistiu a uma picada de aranha-marrom, agravada pela diabete e por sucessivas infecções hospitalares. Passou meses internado e escolheu o Dia de Mobilização e Ação Global do Fórum Social Mundial 2008 para nos dar seu adeus. Durante o ato em Curitiba, os manifestantes fizeram um minuto de silêncio em sua homenagem.

 

Camarada Dodô deixou, aos 52 anos, sua mulher Edna, seus três filhos (Paulo, Janaína e Ana Paula) e inúmeros amigos com muita saudade e aperto nos corações. Hoje descansa em paz no Cemitério Parque Memorial Graciosa, no município de Quatro Barras, região metropolitana da capital.

 

“Tive muitos anos de convivência com o camarada Dodô. A impressão que ele deixa é de um eterno indignado com as injustiças sociais e a exploração dos trabalhadores. Foi, acima de tudo, um guerreiro!”.

 

Roberto Von Der Osten – ex-presidente da CUT-PR e atual presidente da FETEC/CUT-PR.