CUT-RS repudia ação da Brigada Militar
Publicado: 17 Janeiro, 2008 - 18h25
Governo do RS criminaliza, mais uma vez, os movimentos sociais
A Central Unica dos Trabalhadores repudia a força de segurança do Estado do Rio Grande do Sul. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi surpreendido pela Brigada Militar (BM) na manhã desta quinta-feira (17). Eles tinham um mandado de busca e apreensão de um anel de R$ 200, uma máquina fotográfica e um relógio de pulso, referentes à ocupação simbólica da Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, na última segunda-feira (14).
O secretário de Segurança Pública, autorizado pela governadora Yeda Crusius, deu ordens para que os policiais entrassem à força no assentamento.
A CUT se solidariza com o MST neste momento, na medida em que condena a violência e lamenta o modo como a governadora Yeda Crusius vem administrando a questão das lutas do MST.
A CUT manifesta todo o seu apoio à luta do MST pela Reforma Agrária e repudia a violência que impera contra o povo pobre do RS. A Central se mostra disposta a ajudar na divulgação das denúncias dos crimes contra os trabalhadores e trabalhadoras, tanto do campo quanto da cidade.
Entenda o caso:
Brigada Militar rompe acordo e insiste em invadir assentamento
O secretário de Segurança Pública do Estado, José Francisco Mallmann, autorizou a Brigada Militar a invadir o assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Novo Sarandi, em Pontão. Na manhã desta quinta-feira (17), cerca de 800 homens da Brigada já haviam invadido dois acampamentos do Movimento. Eles tinham um mandado de busca e apreensão de um anel de R$ 200, uma máquina fotográfica e um relógio de pulso, referentes à ocupação simbólica da Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, na última segunda-feira (14).
A Brigada também queria revistar os ônibus do Movimento que estavam dentro do assentamento do Incra, portanto, uma área federal. Os policiais haviam feito então um acordo com delegados da Polícia Civil e com o ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani. No entanto, a Brigada Militar, por ordem do secretário de Segurança Pública, autorizado pela governadora Yeda Crusius, deu ordens para que os policiais entrassem à força no assentamento.
O secretário das Nações Unidas, que está na Alemanha, ligou para o secretário Mallman para saber como estava a situação. O secretário de Segurança, porém, não quis atender a ligação e mentiu, dizendo que a polícia já estava indo embora do local. Mallmann também prometeu colocar seu cargo à disposição caso não conseguisse entrar à força no assentamento.
O MST promete resistir à invasão dos policiais e responsabiliza a governadora Yeda pelas conseqüências da sua decisão de autorizar a invasão da área, sem se preocupar com a possibilidade de uma tragédia. Para os sem terra, isso mostra que a governadora está atrelada aos interesses do agronegócio, do neoliberalismo e do PSDB, mesmo partido do ex-governador do Pará, Almir Gabriel, responsável pelo Massacre de Carajás em 1997, que resultou na morte de 19 trabalhadores.
O MST realiza no assentamento, desde segunda-feira, o 24º Encontro Estadual, com a participação de 1.200 militantes e mais 200 Sem-Terrinhas. O MST gaúcho também realizou uma ocupação simbólica da Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, que possui o tamanho de 9.000 campos de futebol improdutivos.